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Linguagista

Ortografia: «marca de água»

Memofante Forte

 

      Notas de zero euros... O capitalismo reinventa-se a cada instante. «Uma nota de zero euros para colecionadores e turistas com imagens típicas de Portugal entrou este mês em circulação e até final do ano será impressa uma edição alusiva ao centenário das aparições de Fátima. [...] As ‘notas souvenir’ possuem as mesmas características de uma nota de euro verdadeira, como a marca de água, holograma, registo transparente, sistema de segurança e um número de série. É considerada a última moda entre as lembranças adquiridas pelos turistas nos países que visitam e está já entre as lembranças mais vendidas. [...] A ideia foi lançada em 2015 por Richard Faille em França, tendo nesse ano sido lançadas 100 notas de diferentes locais, e já se estendeu à Alemanha, Áustria, Bélgica, Suíça, Países Baixos e Espanha» («Portugal passa a ter notas de zero euros para colecionadores e turistas», Rádio Renascença, 29.10.2017, 12h53). De quando em quando, a Rádio Renascença esquece-se de desaplicar o Acordo Ortográfico de 1990. E, neste caso, eu nunca desaproveitaria o ensejo de usar um apóstrofo, que também está em extinção: «marca-d’água». Ah, está bem, essa é a grafia brasileira. Que diz o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora? Grafa marca de água. Houve um dia, contudo, em que se esqueceu de tomar a pílula de Memofante e, no Dicionário de Francês-Português, no verbete «filigrane», grafou marca d’água. Esperemos que a legalidade seja reposta.

 

[Texto 8276]

Léxico: «espanholista»

Um par desfeito

 

      Não existe nenhuma lista Robinson para o correio electrónico? Estou a precisar, pois começo a ficar farto da minha vida digital. Às vezes, de toda e qualquer vida. Hoje em dia, começa a ser mais perigoso andar por aí na Internet do que na rua. E não me refiro à Deep Web nem à Dark Web, mas somente à parte acessível a cada um de nós. Não podemos, por exemplo, mandar a qualquer pessoa uma fotografia sem remover os dados EXIF. (Experimentem aqui.) Também não podemos dar o nosso endereço electrónico principal a qualquer bicho-careta. Mas não falemos de coisas tristes; ou, pelo menos, falemos de outras coisas tristes: «Símbolos fascistas na manifestação espanholista em Madrid» (Público, 29.10.2017, p. 5). Então o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora regista espanholismo e esqueceu-se de espanholista, não querem ver?

 

[Texto 8275]