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Linguagista

Léxico: «tubarão-anequim/tubarão-sardo»

Ainda vamos a tempo

 

      «O tubarão-anequim (Isurus oxyrinchus), também conhecido por tubarão-sardo, poderá desaparecer do Atlântico, caso a pesca desta espécie não seja aí proibida já a partir de Janeiro de 2018, alerta uma equipa de investigadores portugueses, que recolheu e analisou os dados da última década de descargas de tubarões e raias em Portugal» («Cientistas portugueses defendem fim da pesca do tubarão-anequim», Raquel Dias da Silva, Público, 13.11.2017, p. 26).

      Tal como o camarão-japonês, desconhece as águas do Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora.

 

[Texto 8336]

Léxico: «camarão-japonês»

Agora já é nosso

 

      «O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) divulgou hoje que existe camarão japonês no estuário do Tejo. Numa nota hoje divulgada, o IPMA refere que desde 2000 que previa o estabelecimento do camarão japonês (Marsupenaeus (Penaeus) japonicus) no estuário do Tejo por ter sido objeto de cultivo experimental nessa área na década de 80 do século passado» («Há camarão japonês no Tejo», TSF, 13.11.2017, 14h40).

      Há camarão-japonês (Marsupenaeus (Penaeus) japonicus) no Tejo, mas ainda não chegou ao Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora.

 

[Texto 8335]

Léxico: «imuno-hemoterapia»

Até nisto erram

 

      «Em junho foi ainda noticiado que tinham sido constituídos arguidos três médicos da especialidade de imunohemoterapia que tiveram responsabilidades nos concursos que deram à multinacional farmacêutica Octapharma o monopólio da venda de plasma aos hospitais públicos portugueses» («Caso do plasma já tem oito arguidos», Nuno Guedes, TSF, 13.11.2017, 7h47).

      Ó Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, tem paciência, olha à tua volta: não achas que tens de acolher urgentemente a palavra imuno-hemoterapia? E já agora, mas com menos urgência, regista também transfusional, que todos os dias se usa.

 

[Texto 8334]

Campos de futebol como medida

Alguma coisa mudou

 

      «Mais de dois mil operacionais estiveram envolvidos no combate às chamas, que consumiram 53 mil hectares de floresta, o equivalente a cerca de 75 mil campos de futebol» («Ajuda pós-fogos. “Prontamente é o que se faz na Galiza. Em Portugal é estudos”», Rádio Renascença, 13.11.2017, 10h45).

      Ah, os famigerados campos de futebol, a medida de todas as coisas para os jornalistas portugueses. Mas esperem! Alguma coisa mudou: não faziam equivaler um campo de futebol a um hectare? Eu sei, eu sei, os campos de futebol não têm todos as mesmas dimensões. Mas insisto: o que mudou? Qual é agora o padrão?

 

[Texto 8333]

Léxico: «fogacho»

Fogachos e delíquios

 

      «O relatório do ICNF [Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas] indica um total de 16.981 ocorrências (3.653 incêndios florestais e 13.328 fogachos), com 264.951 hectares de povoamentos e 177.467 hectares de mato ardidos. Até 31 de Outubro de 2017 há registo de 1.446 reacendimentos, menos 8% do que a média anual dos últimos 10 anos» («Mais de 442 mil hectares arderam no pior ano de sempre em Portugal», Rádio Renascença, 13.11.2017, 8h55).

      Eu até pensava que fogacho fosse uma palavra usada só na poesia, parece tão pouco científica, não é?

 

[Texto 8332]

Léxico: «holandinha»

Têm de estar as duas

 

      Ontem vi o programa Os Cárceres do Império, da série «História a História África», de Fernando Rosas, na RTP2. A propósito da Colónia Penal do Tarrafal (1936-1954), mais tarde, em 1961, rebaptizada, cinicamente, Campo de Trabalho de Chão Bom, Fernando Rosas mostrou e falou da holandinha, o nome que os presos davam à cela disciplinar, sucessora da frigideira, um cubículo de betão armado, bem exposto ao sol, de 90x90x165 (segundo Victor Barros, in Campos de Concentração em Cabo Verde. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2009, p. 161). É caso para dizer que os presos saíram da frigideira para cair no lume. Ora, se frigideira está no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, de holandinha esqueceram-se. Vamos lá contar tudo bem. Eu até nem sei se os dicionários gerais, como este, não deviam também registar o termo Flechas, a milícia africana privativa da polícia portuguesa de então. Já se sabe: não aparece, esquece.

 

[Texto 8331]

Léxico: «hollywoodiano»

Ah, assim está bem

 

      «Dali a dez minutos estavam a relaxar junto à piscina azul, as palmeiras a oscilarem na brisa, a beberricar vinho e a tentar descobrir rostos de celebridades, hollywoodianos, como lhes chamavam em Saint-Tropez» (Férias em Saint-Tropez, Elizabeth Adler. Tradução de Inês Castro. Alfragide: Quinta Essência, 2013, p. 278). E também li, recentemente, algo sobre a «aristocracia hollywoodiana». Com certeza que não queres, Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, que use nestes casos o adjectivo, único que registas, hollywoodesco. Ah, assim está bem.

 

[Texto 8330]