Léxico: «quaga»
Cavalo selvagem
Não se tira nada dos dicionários, pelo contrário, levamos para lá mais palavras, pois faltam neles muitas. Por exemplo: «O pombo-passageiro já não existe, estamos esclarecidos. Mas isso significa que nunca voltará a existir? As novas técnicas de edição genética fornecem-nos ferramentas que permitem ambiciosos planos de “recuperação” de espécies. E há já algumas tentativas nos laboratórios, para esta e outras espécies. “Os projectos em curso para ‘recuperar’ espécies extintas — seja este pombo, o auroque [um bovino de grande porte extinto] ou a guaga [um mamífero extinto parecido com a zebra] — trabalham no sentido de recuperar um fenótipo que se assemelha ao da espécie extinta”, explica Rute Fonseca [investigadora no Centro de Bioinformática da Universidade de Copenhaga]» («Martha lembra-nos como uma espécie com milhões é extinta», Andrea Cunha Freitas, Público, 22.11.2017, p. 26).
Cá está: a jornalista não o encontrou nos nossos dicionários e escreveu-o como lhe pareceu melhor, ou de qualquer maneira, sabe-se lá. Então, se o nome científico é Equus quagga quagga, como poderia ser «guaga»? É quaga, e em toda a Infopédia só o encontramos no dicionário de Inglês-Português. Muitas pontas soltas. Na verdade, eu até mais naturalmente seria levado a aportuguesar para cuaga, que é justamente como o fez João Felix Vieira na sua obra Equídeos – Da Pré-História às Áreas Urbanas do Século XXI (Rio de Janeiro: Clube de Autores, 2012).
[Texto 8375]