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Linguagista

Como se escreve por aí

Até amanhã

 

      «Duas valas comuns, com 140 cadáveres de civis, alegadamente mortos pelo grupo terrorista Estado Islâmico (EI), foram descobertas na comarca de Sinyar, no noroeste do Iraque, revelaram este sábado as forças iraquianas» («Iraque. Descobertas duas valas comuns com mais de 100 corpos», Rádio Renascença, 30.11.2017, 19h23).

      Mas são mesmo jornalistas que escrevem isto? Hum... Agora os seguranças são polivalentes, põem os caixotes do lixo à porta, ajudam a dominar uma pessoa mais violenta, preenchem papelada, não terá algum escrito esta notícia? Bem, o problema é propriamente de tradução. Claro, e de domínio do português. Desde quando é que, numa notícia assim, se usa o termo «comarca»? E em todo o lado leio que a cidade se chama Sinjar ou Shingal. Mais à frente, que não cito no excerto, já se fala, não em valas comuns, mas em fossas. É como calha, afinal, a maioria das pessoas já está na cama a esta hora.

 

[Texto 8426] 

Léxico: «Antropoceno/Antropocénico»

Pensemos

 

      «A expressão “Antropoceno” é atribuída ao químico e prémio Nobel Paul Crutzen, que a propôs durante uma conferência em 2000, ao mesmo tempo que anunciou o fim do Holoceno — a época geológica em que os seres humanos se encontram há cerca de 12 mil anos, segundo a União Internacional das Ciências Geológicas (UICG), a entidade que define as unidades de tempo geológicas» («E se formos os últimos seres vivos a alterar a Terra? Antropoceno», Raquel Dias da Silva, Público, 2.12.2017, p. 28).

      Peguemos primeiro em Holoceno, se não se importam. No Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, de Holoceno remete-se para Holocénico, e há quem afirme que esta forma é mais correcta. Em Plistocénico, porém, já remete para Plistoceno, por onde se prova que estas remissões não obedecem a nenhuma lógica. Estamos, agora, em condições de tratar do termo Antropoceno, o que se resolve com uma pergunta. Porque não regista aquele dicionário a variante Antropocénico?

 

[Texto 8425] 

Tradução: «escapologist»

Como Houdini

 

      «Foi Eduardo Marçal Grilo, ex-ministro da Educação e actual administrador da Fundação Calouste Gulbenkian, que esta semana fez uma comparação digna de registo. Numa entrevista à revista Visão, Marçal Grilo disse que o primeiro-ministro, António Costa, “parece o Grande Houdini” (um dos mais famosos escapologistas e ilusionistas da história, como explica a Wikipédia)» («A comparação. Houdini», Público, 2.12.2017, p. 11).

      Escapologista se acrescentarmos um a ao inglês escapologist. Então, dessa forma, não nos faltaria nenhuma. Não é propriamente esse o caminho recomendado. Pois, mas como se diz em português? Aceitam-se sugestões. E vejo que a podemos encontrar no Dicionário de Alemão-Português da Porto Editora. No verbete Entfesselungskünstler, Entfesselungskünstlerin, lá está: «ilusionista, escapologista».

 

[Texto 8424]