O caso Sócrates
A edição digital do jornal Sol fez a pré-publicação de um excerto do 2.º capítulo do livro Caso Sócrates – O Julgamento do Regime, de Felícia Cabrita e Joaquim Vieira (Lisboa: A Esfera dos Livros, 2017). Vejamos umas quantas frases.
«[Sócrates] Percorre, imperturbável, toda a manga. No fim, está um grupo de homens parados em pé — dois da AT, três da Alfândega e os agentes da PSP —, que, com o olhar, perscrutam os passageiros. Fixam-se no indivíduo do dólmen escuro escuro e não têm dúvidas.» Até a minha filha sabe o que é um dólmen: se Sócrates fosse um dos Flintstones, talvez pudesse vestir-se dessa maneira. Vejam bem como se escreve a palavra que designa o casaco curto semelhante ao usado pelos oficiais do exército. Mais tarde, quando acompanha os agentes à sua casa, perguntam-lhe onde está o computador: «O dono da casa reencontrara-se com a sua anatomia, recuperara do golpe assestado ao seu orgulho no dia anterior e garantia que o levara para a capital francesa. Não perde a oportunidade e humoriza: “Se quiser falar com o juiz para irmos a Paris, com todo o gosto.”» Reencontrar-se com a sua anatomia devia reservar-se para a descrição do que sente um amputado a quem põem uma prótese ou aquele a quem extraem um tumor com vários quilos. Quanto a humorizar, para um brasileiro, deve ser normal, mas algum leitor português se exprime assim? Como está em pré-venda, talvez ainda possa ser revisto.
[Texto 8427]