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Linguagista

Léxico: «coral-cérebro», «entremarés»

Aos pares

 

      «Espécimes de fêmeas e machos da nova espécie de aranha foram localizados e recolhidos de um coral-cérebro na madrugada de 11 de Janeiro de 2009. [...] As aranhas “Desis bobmarleyi” adaptam-se à vida subaquática escondendo-se em conchas, corais ou algas durante a maré alta. [...] A “Desis bobmarley” é vista frequentemente na zona entre-marés da Grande Barreira de Coral, na costa nordeste de Queensland» («Bob Marley dá nome a nova espécie de aranha», Rádio Renascença, 22.12.2017, 16h59).

      Quanto à aranha Desis bobmarleyi, nada podemos fazer, pois desconhecemos o nome comum. Já no que respeita ao coral-cérebro (Lobophyllia corymbosa), se o podemos encontrar no Oceanário de Lisboa, no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora não aparece. Nem entremarés, que encontramos no VOLP da Academia Brasileira de Letras.

 

[Texto 8502]

Léxico: «cabeçote»

Tudo tem nome

 

      «Um acidente de comboio na estação de Alcalá de Henares, em Madrid, fez 45 feridos esta sexta-feira, quatro deles em estado grave. [...] Não existem ainda explicações para o facto de o comboio não ter conseguido travar antes de embater na barreira do final da linha, que existe precisamente para amortecer e travar composições desgovernadas em caso de emergência» («Acidente com comboio em Espanha faz 45 feridos», Rádio Renascença, 22.12.2017, 16h39).

      Informar é a prioridade, decerto, mas também é bom saber que aquela «barreira do final da linha» se chama cabeçote («Viga resistente ou travessa, contendo os tampões de choque, que é instalada no topo de uma via-férrea para impedir que as composições ultrapassem aquele limite», segundo o léxico das Infra-Estruturas de Portugal). O Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora ignora esta acepção.

 

[Texto 8501]

Léxico: «commute»

Agora em inglês

 

      «Here’s your commute», diz-me a Alexa. Pois é, mas o Dicionário de Inglês-Português da Porto Editora só conhece commute como verbo. Ora, commute também é substantivo, «the trip that a person makes when they commute to work». Seja como for, seria sempre, pelo menos, «an act or instance of commuting».

 

[Texto 8500]

Léxico: «tintagem»

Falta e não falta

 

     «O Governo quer que a banca implemente medidas adicionais de protecção das caixas de multibanco de risco, entre as quais a instalação de sistemas de tintagem, sob pena de aplicação de multas até 30 mil euros» («Multibancos. Ministro dá 90 dias a bancos para instalarem sistema de tintagem», Rádio Renascença, 22.12.2017, 8h06).

      Recentemente, o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora acolheu o verbo tintar; desta vez, terá de acolher o substantivo tintagem. Até porque, erro maior num dicionário, usa o vocábulo numa definição. Na 9.ª acepção de distribuição, lê-se: «TIPOGRAFIA tintagem dos rolos de um prelo ou de uma máquina de impressão».

 

[Texto 8499] 

Adjectivos na forma reduzida

Seria bom

 

      «Margaret Mary Moncrieff Anderson nasceu a 7 de setembro de 1904, em Cathcart, nos subúrbios de Glasgow, no seio de uma família irlando-escocesa “com plaid” e “muito conservadora”, de acordo com Isabel Murteira França, sobrinha-neta de Fernando Pessoa e sua biógrafa, que José Barreto cita no seu artigo» («A última paixão de Fernando Pessoa não foi Ofélia, foi uma inglesa loira», Rita Cipriano, Observador, 20.12.2017).

      Todos os adjetivos pátrios com forma reduzida deviam ter lugar nos dicionários. Evitaria muitos erros.

 

[Texto 8498]