Léxico: «anfião»
Levou descaminho
«No âmago do Alentejo, onde chega a água de Alqueva, o que já cresce é a papoila branca. Em 2011, a empresa farmacêutica escocesa Macfarlan Smith deu inicio [sic] aos primeiros testes. Mais tarde, uma multinacional australiana – TPI Entreprises – foi também autorizada a produzir este tipo de papoila. Um caso de sucesso de introdução de uma nova cultura, mas que não atingiu maior dimensão porque não foi instalada qualquer unidade industrial» («Alqueva tem boas condições para o cultivo de canábis», Rosário Silva, Rádio Renascença, 11.01.2018, 17h12).
Nem uma palavrinha sobre tratar-se da papoila de que se extrai o ópio, não se ponha a caminho do Alentejo uma excursão de meliantes em demanda das plantações. Papoila branca e papoila vermelha não estão no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, só no Dicionário de Termos Médicos as encontramos. E a propósito, porque é que os dicionários, e nomeadamente os da Porto Editora, deram sumiço ao verbete de um sinónimo de «ópio», anfião? É que ainda algum incauto vai parar ao mitológico Anfião/Anfíon. Ele há gente para tudo. E onde encontramos «anfião»? Ora, aqui e ali. Nos Colóquios dos Simples e Drogas da Índia, de Garcia de Orta, por exemplo. Registem-no, por favor. E, já que é Dia Internacional do Obrigado, obrigado.
[Texto 8567]