Léxico: «coabitação»
Pelo menos incompleto
«Mário Soares acabava de celebrar o segundo ano de mandato com o livro “Intervenções” e recados: não seria um Presidente corta-fitas e estaria presente na vida política, interferindo. Soares rejeitava assim o papel de contrapoder, promete coabitação mas define o mandato como “magistério de influência”» («Chá de hortelã, velhos do Restelo e puré de lentilhas», Teresa Dias Mendes, TSF, 1.03.2018, 18h43).
Passemos já à conclusão: está errado o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora quando define coabitação como a «coexistência, num governo, de tendências políticas opostas». Não, não é por ser uma jornalista a dizer o contrário: é por todos nós sabermos, os especialistas saberem. «A segunda coabitação deu-se entre Jorge Sampaio, na presidência, e o governo PSD-CDS de Durão Barroso e Paulo Portas, a que sucedeu Santana Lopes, depois da ida de Durão Barroso para a Comissão Europeia, que terminou com a dissolução do parlamento pelo Presidente Sampaio» (O Sistema Político Português, Manuel Braga da Cruz. Lisboa: Fundação Francisco Manuel dos Santos, 2017). (E querem ver que corta-fitas é indicionarizável?)
[Texto 8839]