Muito para corrigir
«Crescer sim, mas de forma sustentável e sem grandes riscos. O aumento da produção de ‘salicornia ramosissima’, espécie halófita autótone conhecida vulgarmente como salicórnia, tem vindo a ser amadurecido para dar resposta às crescentes encomendas, incluindo do estrangeiro» («Sabe que planta é carnuda, crocante e com sabor a mar?», Júlio Almeida, Rádio Renascença, 1.03.2018, 11h09).
O nome científico é Salicornia ramosissima, mas Júlio Almeida não estudou bem a matéria nem sabia que ia ser hoje submetido a exame. Adiante: «Utilizada até nas ementas dos navegadores dos Descobrimentos de acordo com alguns registos, a salicórnia, apesar da intensidade do sabor a sal, tem muito menos cloreto de sódio (considerado “um veneno” para a saúde), sendo também famosa pelas propriedades anti-oxidantes [sic] e anti-inflamatórias, entre outras caraterísticas [sic] medicinais.» Mais: «Instalada na incubadora de Ílhavo, a Horta da Ria não só cultiva a planta como trabalha na sua transformação e comercialização, contando com as gamas salicórnia fresca/verde, em pó (o chamado “sal verde”) e em conserva. Também vende de sementes, para quem quiser ter a salicórnia em casa num vaso.» Agora vejamos a definição no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora: «BOTÂNICA erva da família das Quenopodiáceas, com caule grosso, que vive perto de água salgada; espargo-do-mar; sal verde». Este dicionário não nos diz que é uma planta halófita; pior, nem sequer, incrivelmente, regista o vocábulo halófita. E, como lembra o jornalista, à salicórnia em pó dá-se o nome de sal verde — não a toda a salicórnia, como está na definição do dicionário da Porto Editora.
[Texto 8840]