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Linguagista

Léxico: «pinguim-de-olho-amarelo»

Combinado

 

       Acabei de rever um texto em que se dizia que o pinguim-de-olho-amarelo (Megadyptes antipodes) é um dos símbolos da Nova Zelândia, e que a redução do número de exemplares desta espécie rara está a alertar os ambientalistas daquele país da Oceânia. Fazemos assim: sempre que algum termo se usar em qualquer texto publicado em Portugal, seja livro, revista, jornal, Internet, desde que digno de crédito, passa a ter relevância ir para o dicionário.

 

[Texto 8892]

Léxico: «dálita»

O contrário da evolução

 

      «Os “dalits” – ou “intocáveis”, como também são conhecidos – estão na base do complexo sistema de castas na Índia. Sem direitos reconhecidos, são praticamente invisíveis aos olhos da sociedade. “Há milhões de pessoas que não existem, que não têm direitos, que levam uma vida miserável. Ser ‘dalit’, na Índia, é sinónimo de fome, de lágrimas, de miséria e de violência. São um exemplo cruel do que a humanidade pode fazer quando se torna insensível, quando fecha os olhos”, indica a AIS [Fundação Ajuda à Igreja que Sofre]» («Ser mulher, ser cristã e ser “dalit” é “não existir” na Índia», Ângela Roque, Rádio Renascença, 8.03.2018, 17h30).

      Assim não iríamos longe. Há doze anos, Ângela Roque, que eu uso o aportuguesamento dálita/dálitas, e, colaborando com revistas religiosas, bem pode supor que o uso com alguma frequência. Espero agora o próximo passo, que é a sua inclusão nos dicionários.

 

[Texto 8891]

Tradução: «Route 66»

Não para mim

 

      «A Nacional 2 “é a terceira estrada mais extensa do mundo [738,5 quilómetros], a seguir à rota 66 dos Estados Unidos da América (EUA) e à rota 40 da Argentina”, lembra o presidente da autarquia de Santa Marta de Penaguião» («Viajar pela Nacional 2 “é como fazer um filme de Portugal com vários capítulos”», Olímpia Mairos, Rádio Renascença, 9.03.2018, 10h05).

      Habitualmente, deixam ficar, mas mal, em inglês: Route 66. Nunca vi, num texto publicado em Portugal, Rota 66. Tenho quase a certeza de que na edição do romance As Vinhas da Ira, de John Steinbeck, dos Livros do Brasil, está Estrada 66.

 

[Texto 8890]

Léxico: «janela de oportunidade»

Ganhou esse direito

 

   «“Vamos ver, estamos a acompanhar o evoluir das condições meteorológicas, esperando por uma janela de oportunidade”, disse [o capitão do porto de Lisboa, Coelho Gil]» («Agitação no mar adia retirada de navio encalhado no Bugio», Rádio Renascença, 9.03.2018, 8h05).

      Há décadas que a vemos por aí, talvez seja conveniente levá-la para os dicionários, ou teremos falantes e leitores a encolherem os ombros.

 

[Texto 8889]

Léxico: «juridiquês»

Tanto como outros

 

      «A resposta veio a 5 de Março. No juridiquês em que nós, cidadãos, passamos a “requerentes”, os queixosos a “assistentes” e os réus e o Ministério Público a “sujeitos processuais”, o juiz informa que, pedida a opinião às partes envolvidas, os procuradores do Estado não se opuseram, mas que o arguido (o reitor da Universidade Fernando Pessoa) e o assistente (a própria universidade) “pugnaram ambos pelo indeferimento do requerido”» («Os pupilos do senhor reitor Salvato Trigo», Bárbara Reis, Público, 9.03.2018, p. 49).

      Usa-se tanto, na verdade, como outros semelhantes que já estão no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora.

 

[Texto 8888]

Léxico: «instabilização»

Quem diria? Eu

 

      «A entidade [Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA)] alerta também para a possibilidade de se verificarem danos em estruturas montadas ou suspensas e possibilidade de queda de ramos ou árvores, a par de possíveis acidentes na orla costeira e de fenómenos geomorfológicos causados por instabilização e saturação dos solos» («Proteção Civil alerta para gelo, cheias e queda de árvores nos próximos dias», TSF, 8.03.2018, 17h00).

    E quem diz instabilização, já se sabe, também diz instabilizar — não os procurem no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora.

 

[Texto 8887]