Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Linguagista

Léxico: «geodo»

Mas são variantes!

 

      «O mestre chocolateiro Michael Lewis-Anderson criou em Bruxelas, na Bélgica, um ovo da Páscoa digno de museu. O design deste ovo de chocolate, no valor de cinco mil euros, inspira-se nos geodos, formações rochosas que ocorrem em rochas vulcânicas» («A arte de um ovo da Páscoa», Carolina Rico, TSF, 1.04.2018, 16h52).

      Vá lá, parece que lhes está a passar a mania de usar a palavra chocolatier. É verdade que a definição de chocolateiro nos nossos dicionários ainda não convence, mas lá chegarão. E em relação a geodo, Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, alguma objecção? Ia jurar que é a variante mais usada, e o VOLP da Academia Brasileira de Letras regista-a.

 

[Texto 8994]

Léxico: «sambrasense»

Bom é o inglês, não é assim?

 

      «É uma iniciativa singular que neste domingo de Páscoa percorre as ruas da vila de S. Brás de Alportel. [...] Patrícia Reis, presidente da Associação Cultural Sambrazense, explica que de acordo com a lenda os rapazes solteiros da aldeia fizeram que os ingleses fugissem “quando estes invadiram em 1596 a região e assaltaram e incendiaram a igreja”. Mas há também outra versão, baseada na ideia de que a iniciativa nasceu com as diferentes confrarias religiosas» («Uma procissão com aguardente de medronho», Maria Augusta Casaca, TSF, 1.04.2018, 10h13).

    Diz a lenda que expulsaram os ingleses à cachamorrada — daí que aos Sambrasenses também se dê o nome de Cachamorreiros. Nada disto, porém, o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora regista. Sim, Sambrasenses, e, afinal, a passagem são>sam é legítima na nossa língua, como vemos nos pares sanjoanino/são-joanino, santomense/são-tomense, etc. E mais, senhores lexicógrafos, há largas centenas de nomes destes na designação de agremiações recreativas e desportivas, e nada vai para os dicionários. E depois invejam a extensão do léxico do inglês.

 

[Texto 8993]

Léxico: «maranho»

E sinónimos

 

      «A conversa decorre na sacristia da Igreja Matriz, após a Procissão do Enterro do Senhor, e esta confrade explica ainda que pela Páscoa os pedroguenses também comem “o leitão, o cabrito, o maranho”, este último um prato muito semelhante ao bucho, mas com carne de cabra, presunto e arroz, “mas isso já não é tão nosso”, explica uma bem humorada [sic] Isaura Mendes» («Pedrógão Grande. Na terra do bucho também se come cozido», Rádio Renascença, 1.04.2018, 13h36).

      Parece que o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora tem outra receita: «CULINÁRIA arrozada com miúdos de carneiro, bocados de galinha, etc.» Não me parece que seja à arrozada que se dá o nome de maranho. Aquele dicionário também regista, como primeira acepção, «molho de tripas de carneiro». Não percebo. Por outro lado, parece que o dicionário da Porto Editora guardou nas reservas os sinónimos de «maranho»: borlhão, burunhão e molhinho.

 

[Texto 8992]