E o resto
«Levadas são aquedutos que ‘serpenteiam’ a zona interior da ilha da Madeira e que transportam água do norte para o sul, acompanhadas de esplanadas que servem de circulação pedestre» («Turista morre em levada na Madeira», Rádio Renascença, 1.04.2018, 19h10).
Ontem, não se sabia ainda a nacionalidade, mas era um homem com 65 a 70 anos. Inglês, digo eu, alguém cuja actividade diária mais radical era atravessar a rua onde mora para ir ao pub. Vamos agora ao que interessa. As levadas são mesmo aquedutos? Não. Ainda assim, a definição contém informação correcta que nem no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora encontramos: «na Madeira, canal de água artificial construído para levar água aos terrenos agrícolas inacessíveis e ao longo do qual é possível caminhar». Seja como for, este dicionário não regista, incompreensivelmente, outros termos relacionados com as levadas da Madeira. Não sei se agora ainda é assim, mas até recentemente existiam duas espécies de levadas: as do Estado e as particulares, que pertencem a grupos de proprietários, denominados heréus, e administradas por comissões eleitas anualmente, em assembleia geral dos heréus de cada um dos canais. O heréu pagava um tributo designado por terral que se destina à conservação das levadas e também para o enriquecimento dos caudais. Só falta isto? Não: «São as madres das levadas (as nascentes), os mainéis (as paredes do aqueduto), as esplanadas (veredas que acompanham os aquedutos em todo o seu percurso), as penas de água (unidade de medição do caudal, equivalendo uma pena de água a um litro por minuto), os lanços (divisões do caudal), as adufas (pequenas comportas para desviar as águas para rega), os giros (períodos de rega), os heréus (proprietários, pequenos e grandes, de qualquer porção de água de rega)» (Portugal Moderno, volume 1, Sérgio da Silva Reis. Lisboa: POMO, 1991, p. 119).
[Texto 8995]