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Linguagista

Léxico: «polveira»

Conhecimento lançado ao mar

 

      Que mais vi eu no Museu do Mar Rei D. Carlos e não está no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora? Um anzol múltiplo de aço, uma espécie de fateixa, com cerca de um palmo, para o polvo — é a polveira (iron octopus jig, para a legião de anglófonos que nos segue). E o curioso é que se pode comprar algo parecido em lojas de artigos de pesca e é este o nome por que é conhecido. E nos dicionários, nada.

 

[Texto 9168]

Léxico: «conhecença»

Também é azar

 

      De manhã, visitei uma exposição temporária («Lixo marinho: um problema global») no Museu do Mar Rei D. Carlos. Aproveitei a oportunidade e revisitei a exposição permanente. Tantas palavras e acepções fora dos dicionários... Por exemplo, a propósito do processo de navegação e dos instrumentos de orientação no mar, era usada a palavra conhecença — no fundo, pontos de referência, que podia ser certa espécie de ave, a cor da água e valores de declinação magnética. Onde está no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora? Não está. Com um passado riquíssimo de conhecimentos sobre o mar, e deixamo-los desaparecer até dos dicionários.

 

[Texto 9167]

Léxico: «tagar»

Só para perceber

 

      «Enquanto comíamos e discorríamos sobre o que preferimos – ser mais ou menos conscientes das nossas virtudes diante dos outros –, pensei que já antes tínhamos falado sobre isto de sermos amigos de pessoas que querem muito ser nossas amigas. Elas estão em todo o lado: na rua, quando, podendo, não fingem que não nos conhecem; mas também nas redes sociais, quando nos tagam em tudo a propósito de nada» («A amizade não correspondida», Ângela Marques, Sábado, 19.04.2018, p. 8).

      Usa-se, e todos os dias, e, que eu saiba ainda não está dicionarizada. Por sorte, não destoa da nossa língua. É feia? E tagantar, açoitar com tagante, é bonita?

 

 [Texto 9166]

Léxico: «despedível»

Azarucho

 

      Iremos sempre deparar com palavras que não estão nos dicionários, e não é porque estejam mal formadas ou porque seja impossível estabelecer-lhes uma definição. João Araújo, o ex-advogado de Sócrates, já podia ter contribuído para que o termo azarucho estivesse dicionarizado. Não aconteceu, e eu chamei aqui a atenção, em 2014, para isso. Agora, há outra. «João Araújo: “Não sou despedível”» (Carlos Diogo Santos, Sol, 28.04.2018, p. 28). Despedível não está, por exemplo, no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, mas encontramo-lo no VOLP da Academia Brasileira de Letras. Como o encontramos no dia-a-dia, como neste caso, e em obras sobre Direito do Trabalho.

 

 [Texto 9165]