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Linguagista

Léxico: «pato-mudo»

A realidade

 

      «O portão [do Jardim Botânico Tropical] abre às 9 e, por essa altura, já os verdadeiros donos do lugar – os patos-mudos – se bamboleiam entre o lago principal e as figueiras-da-Austrália [sic] majestosas, ao som dos gritos dos poucos pavões locais e do cacarejar das galinhas da vizinha presidência» («Azulejos e patos», Rosa Ruela, Visão, 10.05.2018, p. 113).

      O Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora diz-nos que pato-mudo é o «indivíduo que, nas assembleias deliberativas, de modo especial no parlamento, não faz uso da palavra». Não dirão todos o mesmo? Acho que sim. E, no entanto, não está correcto. Na obra 1493 – A Descoberta do Novo Mundo Que Cristovão Colombo Criou, de Charles C. Mann (tradução de Artur Lopes Cardoso. Alfragide: Casa das Letras, 2012, p. 72), lê-se que «o pato-mudo, nativo da América do Sul» era dos pouquíssimos animais domesticados das Américas pré-colombianas. Mais uma vez, é claro que a realidade está milhas (e centúrias) à frente dos dicionários. Vamos lá corrigir, se faz favor.

 

[Texto 9220]

Léxico: «cinetócoro»

Perde a ciência

 

      «E o que está por detrás da maior ou menor propensão para a ocorrência de alterações do número de cromossomas? A resposta remete para o tamanho de uma região dos cromossomas que está activa durante a divisão das células — o cinetócoro» («Divisão celular. Como a separação dos cromossomas pode ter muita beleza», Teresa Serafim, Público, 14.05.2018, p. 28).

      O Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora só acolhe um sinónimo, centrómero. Não chega, como se comprova. Vê-se tanto cinetócoro como cinetocoro.

 

[Texto 9219]

Léxico: «muntjac-indiano»

Veado que ladra

 

      «Trata-se do muntjac-indiano, ou Muntiacus muntjak, o nome científico desta espécie de cervídeo originária do Sul e Sudeste da Ásia, também conhecida como o “veado que ladra” (os machos têm uns dentes caninos visíveis)» («Divisão celular. Como a separação dos cromossomas pode ter muita beleza», Teresa Serafim, Público, 14.05.2018, p. 28).

    Não o encontram nos dicionários, mas que podem fazer os falantes, e nomeadamente os jornalistas? Aportuguesado (e como?) ou não, tem de ir para os dicionários, como é óbvio.

 

[Texto 9218]

Léxico: «confocal»

Não temos

 

      «O grupo português isolou células deste mamífero e depois seguiu o rasto dos seus cromossomas, graças a técnicas sofisticadas de microscopia de super-resolução (como a depleção de emissão estimulada, ou STED, e o microscópio confocal)» («Divisão celular. Como a separação dos cromossomas pode ter muita beleza», Teresa Serafim, Público, 14.05.2018, p. 28).

      No Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora: ✘. No VOLP da Academia Brasileira de Letras: ✔.

 

[Texto 9217]