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Linguagista

Léxico: «ponto-morto»

Para engenheiros

 

      «Manter a mudança engrenada quando se está parado num semáforo, por exemplo. Manter uma mudança de forma prolongada gera um esforço suplementar no prato de pressão. Opte pelo ponto-morto» («Quer poupar na oficina? Saiba que erros levam a gastos desnecessários», Fátima Casanova, Rádio Renascença, 15.05.2018).

      São estrangeiros, lêem este texto e querem saber o que significa «ponto-morto». Consultam vários dicionários, concluindo que todos dizem, mais coisa, menos coisa, o mesmo que se lê no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora: «posição dos elementos de uma máquina em que não pode haver transmissão de movimento para a produção de trabalho útil». Desistem. É uma definição para engenheiros, está visto. Agora comparem com a simplicidade da definição de neutral no English Oxford Living Dictionaries: «A disengaged position of gears in which the engine is disconnected from the driven parts.»

 

[Texto 9224]

«Pastor-alemão/lobo-da-alsácia»

Andarei enganado?

 

      «Em Lisboa, ir ao veterinário com um pastor-alemão, um labrador, um lobo-da-alsácia ou até mesmo um cocker pode ser um desafio para quem não tenha carro próprio» («E se os pastores-alemães pudessem andar na rede da Carris?», João Pedro Pincha, Público, 15.05.2018, p. 23).

      Querem ver que?... Para mim, pastor-alemão ou lobo-da-alsácia é exactamente a mesma raça. O Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, apesar das suas falhas — em lobo-da-alsácia, que não define, remete para pastor-alemão, mas não vice-versa —, confirma a minha opinião. Contudo, não falta quem apoie a afirmação do jornalista: «As ruas estavam imundas e matilhas de cães revolviam os destroços; havia pastores-alemães, lobos-da-alsácia, um boxeur, perdigueiros, dálmatas e muitos outros cães de raça» (Estação das Chuvas, José Eduardo Agualusa. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 7.ª ed., 2007, p. 142). Uma coisa é certa: um dos lados está errado, e, em qualquer caso, há muitos anos. Há por aí alguém com conhecimentos cinológicos? Não digo cinólogo, até porque o dicionário da Porto Editora desconhece a palavra.

 

[Texto 9223]

Onomatopeia: «dang dang»

De tão raras

 

      «Os carris também serão novos: em vez de barras de aço curtas, que deixam um pequeno espaço entre eles (e que provocam o habitual “dang dang” à passagem dos comboios), serão colocadas barras de aço longas, soldadas, que eliminam esse intervalo e permitem que as rodas circulem sobre um carril contínuo» («Linha entre Chelas e Braço de Prata vai ser reabilitada», Carlos Cipriano, Público, 15.05.2018, p. 23).

      Não posso deixar escapar uma oportunidade de registar aqui as onomatopeias que vou vendo. (Não sabia que os carris podiam ser contínuos. Sabiam?)

 

[Texto 9222]

Ortografia: «quadruplicação»

Oh, não, esse não!

 

      «Este troço de Chelas a Braço de Prata era o mais degradado desta linha e recupera assim o seu desempenho, o qual estava a definhar em virtude da ausência de investimento. Mas não é desta que será alvo de uma verdadeira modernização que inclua a sua quadriplicação para constituir uma amarração à linha do Norte, aumentando a oferta para os comboios vindos de Sintra, de Alcântara e do Sul para a Gare do Oriente» («Linha entre Chelas e Braço de Prata vai ser reabilitada», Carlos Cipriano, Público, 15.05.2018, p. 23).

      Um dos erros mais frequentes. Lembre-se de «quádruplo», Carlos Cipriano. Com revisão, dificilmente passava.

 

[Texto 9221]