Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Linguagista

«Alto-funcionário»?

Mais dúvidas do que certezas

 

      Merece este textinho à parte: finalmente, o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora reconhece (ver aqui) que «campomaiorense» era incorrecto, e agora já grafa campo-maiorense. Uf! Pronto, siga. Só voltei a pensar no caso porque me apareceu agora aqui um «alto-funcionário» (para traduzir, notem bem, equerry, que já aqui nos ocupou). Está bem que, por analogia, processo que tantas vezes defendo, temos «alto-comissário», mas também é verdade que é dos poucos (único?) casos em que aparece hifenizado. É sempre «alto dignitário» que se escreve, por exemplo. Que dizem?

 

 [Texto 9249]

Midlands

Temos a nossa preferência

 

      São opções. No original, está Midlands, e temos três formas de o traduzir: não o traduzindo, e fica Midlands (o mais habitual?); não o traduzir, mas em nota de rodapé explicar que se trata dos condados centrais da Inglaterra; traduzir por «condados centrais».

 

[Texto 9248]

Landau e charrete

O habitual

 

      Casamento real em Windsor. Na SIC, sobre o veículo em que são transportados os noivos, ora se diz que é uma charrete, ora um landau, como se fossem sinónimos ou tudo fosse igual. A habitual falta de cuidado. É um landau, o Ascot Landau. Dito isto, convém notar que a definição de landau no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora está incompleta, pois não refere que é um tipo de veículo com duas capotas de couro rebatíveis. Todos deviam conhecer o landau do regicídio, que se encontra no Museu Nacional dos Coches, em Lisboa. Um dicionário excelente também registaria semilandau e landaulete. Espaço não falta.

 

 [Texto 9247]

Regência nominal

Pode ser crucial

 

      A regência, tanto a verbal como a nominal, tem ou pode ter uma importância decisiva na compreensão dos enunciados verbais. Vejamos dois casos no sítio da Rádio Renascença. Ontem, um dos títulos era «34 bispos chilenos pedem a resignação ao Papa» (18.05.2018, 12h45, Ângela Roque). Percebe-se logo, claro, mas eu, apressado, li «34 bispos chilenos pedem a resignação do Papa». Pois, o sentido é diferente. Dois dias antes, outro título me chamou a atenção: «Religiões unidas na rejeição à eutanásia» (16.05.2018, 7h10, Ângela Roque e Filipe d’Avillez). «Rejeição à»?

 

[Texto 9246]

Léxico: «bifana»

À papo-seco

 

      «Para promover o mais autêntico dos seus produtos gastronómicos, a Câmara de Vendas Novas promove, pela primeira vez, a Feira da Bifana, entre esta sexta-feira e domingo. [...] Feita com um bife de carne de porco, bem batido e da melhor qualidade, frito num molho, este sim, diz quem sabe, secreto, serve-se dentro de um papo-seco mais ou menos torrado» («Nada de imitações. A verdadeira bifana já tem uma feira em exclusivo», Rosário Silva, Rádio Renascença, 18.05.2018, 16h16).

      A receita do Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora é muito menos rica de pormenores e menos genuína e a ter de, escusadamente, lançar mão do vocábulo «sanduíche»: «bife pequeno de carne de porco que se come geralmente em sanduíche».

 

[Texto 9245]