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Linguagista

Na cozinha ou fora da cozinha, chefe

Sim, chefe

 

      «O chefe norte-americano Anthony Bourdain, de 61 anos, morreu esta sexta-feira em Paris, onde estava a preparar um episódio do seu programa “Parts Unknown”. Quem o encontrou no seu quarto de hotel foi um chefe seu amigo, Éric Ripert. Ao que parece, a causa de morte foi suicídio» («O chefe que tirou confidencialidade à cozinha», Luís M. Faria e Marta Pereira Gonçalves, Expresso Diário, 8.06.2018).

      As coisas chegaram a tal ponto, que temos de fazer uma festa quando alguém escreve o que está correcto. Chefe, pois claro, e não qualquer coisa semelhante e com uma letra a menos.

 

[Texto 9379]

Léxico: «lagarta de pregos»

Estão lá outros

 

      «Junto ao portão principal do local onde Portugal vai estagiar há uma ‘lagarta de pregos’ estendida no asfalto. Só depois de as viaturas serem inpecionadas é que a polícia russa a retira» («Lagarta de pregos», Octávio Lopes, Correio da Manhã, 9.06.2018, p. 24).

      E porque não levá-la para os dicionários? Numa notícia ao lado desta, usa-se a expressão «roubo por esticão» — que encontramos no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora.

 

[Texto 9378]

Léxico: «trigasmo»

Orgasmo triplo

 

      «A presidente do Colégio Norte Americano [sic] de Sexologia, Ava Cadell, defende que a mulher pode obter o trigasmo, estimulando o ponto G, o clitóris e o ânus» («Ava Cadell cria o trigasmo», João Saramago, Correio da Manhã, 8.06.2018, p. 41).

      Ah, grande porca! (Cadella, diriam outros.) Não, esperem, enganei-me no comentário: que bom, queria eu dizer. Ficamos então a conhecer esse «trigasmo», não vá aparecer por aí quando menos se esperar. Na realidade, já anda por aí há anos, desde 2004, na obra Os Cavaleiros de São João Baptista, de Domingos Amaral.

 

[Texto 9377]

Regência: «assistir»

Nem a polícia sabe

 

      «O homicídio a tiro foi assistido por duas pessoas, que ficaram em choque» («Dispara sobre o filho e mata-o no quintal», Magali Pinto, Joana de Sales e Sara G. Carrilho, Correio da Manhã, 8.06.2018, p. 10).

      O habitual: quantos mais são, menos fazem. Com que então, o tiro foi assistido? Quer dizer que o alegado homicida foi auxiliado por alguém, é isso? Ah, infelizes. Já sei que não vão compreender, mas sempre direi que, com o sentido de «presenciar, ver», assistir é um verbo transitivo indirecto, devendo reger a preposição a.

 

[Texto 9376]

Regência: «propor-se»

Mais curto e correcto: eu quero

 

      «Diz a magistrada que o atual quadro legal permite classificar como organização terrorista um agrupamento de adeptos de uma associação desportiva que se proponham a esbofetear atletas para os intimidar» («Magistrada defende tese de terrorismo», Correio da Manhã, 8.06.2018, p. 5).

   Mais simples e considerada mais correcta: «se proponham esbofetear». Não têm de quê, ou têm, mas o prazer é meu.

 

[Texto 9375]