Viva a gramática, vivam os revisores
Viva, Ferreira Fernandes
«Restelo, bairro de Lisboa, rua de Alcolena, pequena e de vivendas, às 13 horas, à hora que escrevo. Porque não está lá uma multidão? Ou um descendente do Senhor do Adeus, o homem que distribuía saudações aos lisboetas, de madrugada, só porque gostava deles? A Tailândia merece este gesto nosso: viva! Viva um país que cuida dos seus, salva os seus. Viva a Tailândia, viva os tailandeses[,] que não perderam a esperança por doze miúdos e o seu treinador» («Viva os tailandeses!», Ferreira Fernandes, Diário de Notícias, 10.07.2018, 13h35).
Podia ter ficado pelo título, que já está errado, mas Ferreira Fernandes merece sempre ser citado mais extensamente. Então agora o verbo deixou de concordar com o sujeito? No singular e sem sujeito, sim, esta forma verbal usa-se como uma interjeição de saudação (como no meu título), de aclamação ou de entusiasmo. A anteceder um substantivo, concorda obrigatoriamente com este. Quanto à referência à Rua de Alcolena, diga-se, para quem não sabe nem se quer dar ao trabalho de pesquisar, que é a rua de Lisboa onde está a Embaixada da Tailândia. Alcolena é um evidente arabismo e significa «o coelho».
[Texto 9589]