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Linguagista

Mais fauna por dicionarizar

Nem um

 

      «Nesta investigação foram apreendidas 12 pitões reais, cinco cobras reis, quatro cobras do milho, duas pitões-tapete, duas cobras de riscas, uma cobra rateira japonesa, uma cobra falsa coral, uma cobra nariz de porco, três dragões barbudo, dois camaleões do Iémen, dois varano-terrestre-africanos, um lagarto-marau e um geco-leopardo» («GNR apreende 37 répteis numa habitação no Montijo», TSF, 8.08.2018, 17h03).

      No Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, nem sequer um. Pitão-real (Python regius); cobra-rei (Lampropeltis getula); cobra-do-milho (Pantherophis guttatus); dragão-barbudo (Pogona vitticeps); pitão-tapete (Morelia spilota); camaleão-do-iémen (Chamaeleo calyptratus); varano-terrestre-africano (Varanus exanthematicus); cobra-de-riscas (Thamnophis sirtalis); lagarto-marau (Tupinambis merianae); cobra-rateira-japonesa (Elaphe climacophora); cobra-falsa-coral (Lampropeltis triangulum); cobra-nariz-de-porco (Heterodon nasicus); geco-leopardo (Eublepharis macularius).

 

[Texto 9736]

Léxico: «espumífero»

O mesmo tratamento

 

      «Também os bombeiros criticaram que não se estivesse a utilizar essa ferramenta e, esta quarta-feira, a ANPC explicou, em comunicado, que os 40 helicópteros de ataque inicial “não usam espumífero por ficar reduzida a sua capacidade de transporte de elementos operacionais a bordo”» («Proteção Civil admite que helicópteros de combate ao fogo não usam retardantes», TSF, 8.08.2018, 12h39).

      No Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, tal como retardante aparece registada também como substantivo, espumífero deverá ter o mesmo tratamento.

 

[Texto 9735]

Léxico: «ribacoense»

Outra estranha ausência

 

      Agora que andei ali por Terras de Riba Côa, lembrei-me: por que raio os dicionários não registam o vocábulo ribacoense, alguém me sabe dizer? Ah, esperem, o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora regista o mais culto ribacudense: «natural ou habitante de Ribacoa, região portuguesa do distrito da Guarda». Viram bem: optaram por Ribacoa e não por Riba Côa (ou Riba-Côa, como se vê maioritariamente; dantes, ainda Riba de Côa e Cima-Côa). Então, em vez de alargar vocabulário, reduz-se?

 

[Texto 9734]

Léxico: «etoniano»

Estranha ausência

 

      «— Devia ter-me avisado de que vínhamos visitar um lorde, “Amarílis”; teria posto os meus velhos suspensórios etonianos e lavado o pescoço. Sei que você lavou hoje o seu porque ainda se vê a linha de água» (O Santo em Londres, Leslie Charteris. Tradução de Fernanda Pinto Rodrigues. Lisboa: Livros do Brasil, 1999, p. 29).

      Mais abaixo, usa-se o termo oxfordiano, único que os nossos dicionários, incluindo o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, regista. Ora, há largas décadas que se encontram o termo etoniano na nossa língua. Aquele dicionário acolhe oxfordiano/Oxfordiano, mas mesmo neste caso há uma falha, porque no primeiro lê-se isto: «[com maiúscula] GEOLOGIA andar do Jurássico superior». Ora, se tem uma entrada com maiúscula, o termo da Geologia, não é necessário repeti-lo na entrada com minúscula — isto salvo melhor, mas improvável, opinião. (Sim, também se pode encontrar, mas com muito menos ocorrências, cambridgiano.)

 

[Texto 9732]

Léxico: «oocisto/ooquisto»

Se é assim, ambos

 

      «Para marcar o Dia Mundial do Gato, celebrado esta quarta-feira, a Renascença compilou os melhores estudos – científicos ou nem tanto – que saíram nos últimos anos sobre os nossos companheiros felinos» («Amigo dos humanos ou interesseiro cujas fezes criam empreendedores?», Rádio Renascença, 8.08.2018, 11h00).

      O artigo fala da toxoplasmose e do perigo para as grávidas, mas nunca se usa o termo relacionado (descubram porquê) ooquisto ou oocisto. Estranhamente, o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora não regista nenhuma das variantes; apenas no Dicionário de Termos Médicos encontramos «oocisto». No VOLP da Academia Brasileira de Letras, todavia, encontramos ambas, e, pese embora o que aqui escrevi sobre cisto/quisto, acho preferível. Tanto mais que, como então lembrei, aquele dicionário acolhe tanto policístico como poliquístico.

 

[Texto 9731]

Léxico: «amazonense»

Pois não é

 

      «“Temos uma herança do privilégio, que é uma herança ibérica, temos uma certa herança da indolência, que vem da cultura indígena, e eu sou indígena porque o meu pai é amazonense, e a malandragem que é oriunda do africano, nada contra mas é, então esse é o nosso cadinho [vaso] cultural”. A frase, dita por Hamilton Mourão (PSTC), general na reserva que é candidato a vice-presidente de Jair Bolsonaro (PSL), está a gerar reações acaloradas no Brasil» («Vice de Bolsonaro critica índios, negros e ibéricos», João Almeida Moreira, Diário de Notícias, 7.08.2018, 10h58).

      Entretanto, em Portugal, o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora julga que amazonense é somente o «referente à região brasileira do Amazonas; amazónico».

 

[Texto 9730]

Léxico: «teremim»

Pioramos?

 

      No final de Setembro, vai realizar-se a 12.ª edição do Festival Internacional de Música de Cinema de Tenerife (Fimucité), dedicada ao ciclo «Teremim, a música da ficção científica». Para meu grande espanto, o vocábulo teremim não está no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, isto quando o encontramos, entre outros, no Grande Dicionário da Língua Portuguesa coordenado por José Pedro Machado. O teremim foi o primeiro instrumento electrónico que se inventou. Благодарю вас, Лев Сергеевич Термен.

 

[Texto 9729]