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Linguagista

Léxico: «cláusula barreira»

Preparemo-nos

 

      «O constitucionalista Jorge Miranda diz que a “cláusula-barreira” que estabelece que os votos não valem nada, [sic] abaixo de um determinado limite não fere a Constituição da República» («Jorge Miranda não é adepto de “cláusulas-barreira” que limitam a representação democrática», José Carlos Silva, Rádio Renascença, 29.10.2018, 19h00).

      Com hífen ou sem hífen (vejo-a mais sem hífen), deve ir para os dicionários, até porque já anda por aí há algum tempo. «O resultado não seria aproximar deputados dos cidadãos mas deixar sem deputados que os representem faixas importantes de eleitores e instituir na prática uma “cláusula-barreira” de cerca de três por cento no círculo nacional e muito mais do que isso nos pequenos círculos» (Sistema Eleitoral Português: Debate Político e Parlamentar, Manuel Braga da Cruz. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1998, p. 211).

 

[Texto 10 219]

Aprender com o «Portugalex»

Nem pensariam duas vezes

 

      «Concorda com a mudança da hora?», era a pergunta de hoje no Portugalex. E logo depois: «Tempo ainda para ouvir o economista Pedro Arroja, que nos fala do século XIX. Muito bom dia.» Já vi, vimos todos, escritores, tradutores e revisores — para não falar dos jornalistas — com menos conhecimento da língua. Para muitos, e ai se lhes fôssemos à mão, seria logo «que nos fala desde o século XIX». Ou seria «que nos fala a partir do século XIX»?

 

[Texto 10 218]

Léxico: «lei-travão»

Para que todos saibam

 

      «A Assembleia da República lançou esta segunda-feira um vídeo em que se explica, em três minutos e 25 segundos, o que é um Orçamento do Estado. O lançamento desta infografia é a primeira de uma rúbrica [sic], “Parlamentês”, com que a Assembleia da República pretende, a partir de agora, “dar a conhecer e simplificar conceitos específicos da actividade parlamentar” e coincide com a abertura do debate do orçamento de 2019 no parlamento. O vídeo “aborda temas como as três funções desta lei, a origem das receitas e o destino das despesas e curiosidades como a lei-travão”» («Sabe o que é um Orçamento do Estado? O Parlamento explica», Rádio Renascença, 29.10.2018, 11h35).

      Lei-travão, que é mais juridiquês, «parlamentês» foi agora inventado, pode e deve ir para os dicionários, pois de quando em quando aí está ela.

 

[Texto 10 217]

«Nucleótido», de novo

A prova

 

      «As moléculas orgânicas em causa são a guanina, a citosina, a adenina ou a timina (constituintes do ADN, que contém instruções genéticas) e o uracilo (ARN)» («Células humanas têm “arma mortífera” contra cancro», Rádio Renascença, 29.10.2018, 9h12).

      O Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora regista o nome de todas estas moléculas. Para comprovar como a definição de nucleótido está incorrecta, basta atentar na definição de uracilo: «BIOQUÍMICA substância derivada da pirimidina que é o componente maior das bases de nucleótidos e do ARN».

 

[Texto 10 216]

Léxico: «nucleótido»

Boas perguntas e melhores dúvidas

 

      «Na altura, os cientistas desconheciam qual o mecanismo que provocava a autodestruição dos tumores. Apenas sabiam que o que fazia com que os microARN se tornassem tóxicos para as células cancerígenas era o facto de terem uma sequência de seis nucleótidos (moléculas orgânicas que são os blocos construtores de ARN e ADN)» («Células humanas têm “arma mortífera” contra cancro», Rádio Renascença, 29.10.2018, 9h12).

      É o que pude confirmar — os nucleótidos são os blocos construtores dos ácidos nucleicos, o ADN e o ARN. A investigação da Porto Editora vai, porém, noutro sentido e afirma: «BIOQUÍMICA cada um dos monómeros constituintes do ADN, constituído por uma pentose (açúcar com 5 carbonos), fosfato e uma base azotada». A propósito: porque não registas a variante nucleotídeo, se, por exemplo, acolhes o par nucleosídeo/nucleósido?

 

[Texto 10 215]