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Linguagista

Léxico: «madrassa/madraça»

A definição tem de ser igual

 

      «As suas madrassas [de Qom] passaram a atrair fiéis de todo o Islão como centro de saber teológico» (Etna no Vendaval da Perestroika, Ana Catarina Almeida e Miguel Urbano Rodrigues. Porto: Campo das Letras, 2007, p. 279).

      Podíamos discutir aqui qual a melhor ortografia, madrassa ou madraça. Podíamos, mas não o vamos fazer. Centremo-nos antes na forma esquizofrénica como são tratadas as variantes nos dicionários. O Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora regista ambas, mas nenhuma sabe da outra, e, assim, também não o saberá o falante que consulte o dicionário. Madraça: «RELIGIÃO escola (não estatal), a cargo de membros da religião islâmica, onde o estudo se centra no Alcorão». Madrassa: «RELIGIÃO escola islâmica, onde o estudo se centra no Alcorão». Não me escapa, evidentemente, que, sobre esta última, o dicionário da Porto Editora regista que é termo da Guiné-Bissau e de Moçambique. Ainda que seja ou fosse assim (sim, duvido), nada justifica a diferença na definição.

 

[Texto 10 253]

Léxico: «criadeiro»

E porquê?

 

      «Graças à acção destes guardas, e de duas procuradoras do Tribunal de Setúbal, muitos animais da região têm sido salvos de uma morte certa ou de uma vida de maus tratos. Há casos em que têm várias dezenas de uma vez, quando deparam com os chamados “criadeiros”, criadores clandestinos que não respeitam as regras mínimas de bem-estar nem de higiene para fazerem negócio com a venda dos animais» («“Quando nos vão dar meios?”, interrogam polícias das brigadas de defesa animal», Ana Henriques, Público, 8.11.2018, p. 16).

      O que estranho é que o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora só registe o adjectivo criadeiro na forma feminina, «criadeira», «que cria bem; fecunda». Ora essa, e porquê?

 

[Texto 10 252]

Um erro repetido

De si

 

      «Com a devida vénia à frase-sigla decalcada no título desta crónica (A Música Portuguesa a Gostar Dela Própria, meritório projecto de Tiago Pereira), há na Língua Portuguesa uma propensão para a autocontemplação ou mesmo, nos piores casos, para a indulgência» («A Língua Portuguesa a gostar dela própria», Nuno Pacheco, Público, 8.11.2018, p. 45).

      Não encontrará aqui nenhuma dessa indulgência, caro Nuno Pacheco: a «frase-sigla», como diz, está errada e, logo, errada está a sua frase-título. Diz-se «a Língua Portuguesa a gostar de si própria». De si, não dela. 

 

[Texto 10 251]