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Linguagista

Léxico: «pinho-nórdico»

Avanço?

 

      E se a janela fosse de alumínio no exterior e de pinho-nórdico (Pinus sylvestris) no interior? Se era bom para os mastros das caravelas dos Descobrimentos, há-de ser suficientemente resistente para uma janela. Entretanto, encomendo o vocábulo pinho-nórdico para o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora. Podem pôr na minha conta.

 

[Texto 10 533]

Léxico: «ununóctio/oganésson»

Um, um, oito

 

      «A tabela periódica foi criada há 150 anos. Tem 118 símbolos químicos e muito dificilmente teremos um dia uma tabela maior, com mais símbolos, mas é possível, garante Carlos Fiolhais, professor da Universidade de Coimbra. [...] “Muito dificilmente, e se tivermos serão tão instáveis e viverão um tempo muito curto, que não serão muito úteis. Vai mudar muito na ciência, mas a tabela periódica não vai mudar.”» («A tabela periódica é “o código de toda a matéria do universo”», Miguel Midões, TSF, 3.01.2019, 9h56).

      Sim, tabela periódica está nos dicionários, está no dicionário da Porto Editora: «quadro sistematizado dos elementos químicos que os distribui em colunas e linhas segundo os seus números atómicos». Se não vai mudar, bem podia a definição acrescentar que inclui 118 elementos. Aliás, podia sempre fazê-lo — e alterar se fosse necessário. Retomemos o artigo: «O elemento químico 118 é o ununócio. Foi sintetizado em laboratório e batizado em 2006.» Na peça áudio, é também assim que o jornalista diz o nome do elemento, mas não, é ununóctio, como se lê em todos os dicionários e vocabulários. «QUÍMICA elemento químico, transuraniano, com o número atómico 118 e símbolo Uuo, obtido artificialmente», lê-se no dicionário da Porto Editora. Contudo, temos aqui um problema, como é habitual. «The element, No. 118 on the Periodic Table of Elements, had previously been designated ununoctium, a placeholder name that means one-one-eight in Latin. In November 2016, the International Union of Pure and Applied Chemistry (IUPAC) approved the name oganesson for element 118» (in Live Science). Ao menos oganésson está no dicionário? «QUÍMICA elemento químico sintético, radioativo, com o número atómico 118 e o símbolo Og». É claríssimo que na definição de ununóctio se tem de acrescentar que é a designação antiga e, sobretudo, tem de haver uma remissão mútua nos dois verbetes.

 

[Texto 10 531]

Léxico: «criminólogo»

É o nosso contributo

 

      «O parlamento [sic] vai debater esta quinta-feira a regulamentação da profissão de criminólogo na sequência da apresentação de um projeto-lei do Bloco de Esquerda que considera que os licenciados desta área vivem num “limbo profissional”» («Profissão de criminólogo debatida no parlamento», Jornal da Madeira, 3.01.2019, p. 15).

      Temos de começar por algum lado: e que tal se o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora acolhesse a palavra?

 

[Texto 10 529]

Léxico: «tetrápode»

Não é do grupo dos vertebrados

 

      «Na terça-feira, ao final do dia, os Voluntários Madeirenses deram conta desta ocorrência dizendo que “um indivíduo do sexo masculino com cerca de 20 anos caiu ao mar na zona do cais do Funchal, tendo sido arrastado e ficado preso nos tetrápodes”» («Corpo de jovem deverá ser autopsiado hoje», Iolanda Chaves, Jornal da Madeira, 3.01.2019, p. 10).

      Os tetrápodes são blocos de betão, com quatro pés espacialmente espaçados em 120º, usados para estruturas de enrocamento, também conhecidos, e a imprensa, a propósito desta ocorrência, referiu-o, como pés de galo. São assim conhecidos, diga-se a tempo, também em Portugal continental. Encontra-se o termo um pouco por todo o lado, de diplomas legais a trabalhos académicos — ou quase em todo o lado, excepto no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora. Há blocos usados em quebra-mares com outras configurações (e outros materiais), como os acrópodes — mas a seu tempo falaremos deles, tanto mais que, diacho!, este termo nem sequer no seu sentido próprio se encontra no dicionário da Porto Editora.

 

[Texto 10 528]