Um, um, oito
«A tabela periódica foi criada há 150 anos. Tem 118 símbolos químicos e muito dificilmente teremos um dia uma tabela maior, com mais símbolos, mas é possível, garante Carlos Fiolhais, professor da Universidade de Coimbra. [...] “Muito dificilmente, e se tivermos serão tão instáveis e viverão um tempo muito curto, que não serão muito úteis. Vai mudar muito na ciência, mas a tabela periódica não vai mudar.”» («A tabela periódica é “o código de toda a matéria do universo”», Miguel Midões, TSF, 3.01.2019, 9h56).
Sim, tabela periódica está nos dicionários, está no dicionário da Porto Editora: «quadro sistematizado dos elementos químicos que os distribui em colunas e linhas segundo os seus números atómicos». Se não vai mudar, bem podia a definição acrescentar que inclui 118 elementos. Aliás, podia sempre fazê-lo — e alterar se fosse necessário. Retomemos o artigo: «O elemento químico 118 é o ununócio. Foi sintetizado em laboratório e batizado em 2006.» Na peça áudio, é também assim que o jornalista diz o nome do elemento, mas não, é ununóctio, como se lê em todos os dicionários e vocabulários. «QUÍMICA elemento químico, transuraniano, com o número atómico 118 e símbolo Uuo, obtido artificialmente», lê-se no dicionário da Porto Editora. Contudo, temos aqui um problema, como é habitual. «The element, No. 118 on the Periodic Table of Elements, had previously been designated ununoctium, a placeholder name that means one-one-eight in Latin. In November 2016, the International Union of Pure and Applied Chemistry (IUPAC) approved the name oganesson for element 118» (in Live Science). Ao menos oganésson está no dicionário? «QUÍMICA elemento químico sintético, radioativo, com o número atómico 118 e o símbolo Og». É claríssimo que na definição de ununóctio se tem de acrescentar que é a designação antiga e, sobretudo, tem de haver uma remissão mútua nos dois verbetes.
[Texto 10 531]