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Linguagista

Léxico: «nativo digital»

Actualizar os exemplos

 

      Usaram aqui a expressão «nascido digital», mas habitual é, como se sabe, «nativo digital». Há afinidade semântica, mas é esta segunda expressão que se usa e está dicionarizada. O Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, por exemplo, é nativo digital que acolhe: «pessoa que nasceu e/ou cresceu na era da tecnologia digital, revelando facilidade em entender e interagir com a internet e dispositivos electrónicos (telemóvel, tablet, iPod, etc.)». Serão os melhores exemplos? Gostava de ver os resultados de uma sondagem a miúdos nascidos depois de 2005 para saber quantos sabem o que é um iPod, gostava mesmo. Ao que sei, a última geração é a 6.ª, de 2015, e, a meu ver, não faz sentido a Apple renovar este dispositivo. Aliás, o sonho destas grandes empresas é não fabricarem nada de nada, querem é viver da prestação de serviços. Retomando a questão: dicionário da Porto Editora, actualiza os exemplos e, por favor, usa o itálico nos casos em que o deves fazer.

 

[Texto 10 567]

Léxico: «submicroscópico»

Assim não

 

      «Nuno Maulide é português e foi distinguido com o prémio de “Cientista do Ano”, na Áustria. Na Manhã da Renascença, explicou o que contribuiu para a distinção. [...] Nuno Maulide faz depois uma comparação humorística com as relações humanas, dizendo que “nós, os químicos orgânicos, consideramo-nos pessoas com poder de persuasão num domínio submicroscópico: pomos coisas minúsculas a reagir da maneira que nós queremos”» («Pasta de dentes, perfumes e esponjas. O trabalho do “Cientista do Ano” na primeira pessoa», Marta Grosso, Rádio Renascença, 9.01.2019, 14h36).

      Submicroscópico está no Dicionário de Português-Alemão da Porto Editora e no Dicionário de Termos Médicos. Não chega, tem de estar no dicionário geral. Dos três termos com que ontem deparei — contratendência, desmielinizante e estatizante —, o segundo, afinal, também está no Dicionário de Termos Médicos, na entrada doença de Devic: «Doença desmielinizante caracterizada por nevrite ótica e mielopatia transversa.»

 

[Texto 10 566]

Léxico: «carlina»

Um caso

 

      Ontem falei da ausência de carlina no dicionário da Porto Editora, quando está em vários bilingues. Que tinha duas acepções, acrescentei. Assim é: designa um género de plantas da família das Compostas e uma travessa, que prende a longarina, na construção das pontes, provavelmente, aventa o Aulete, formado de «carlinga». Interessante é o que se lê nos English Oxford Living Dictionaries sobre carline, que é o termo correspondente em inglês para designar a planta: «Late 16th century: from French, from medieval Latin carlina, perhaps an alteration of cardina (from Latin carduus ‘thistle’), by association with Carolus Magnus (see Charlemagne), to whom its medicinal properties were said to have been revealed.» Ora, o próprio Aulete nos diz que há várias espécies, como a Carlina acaulis e a Carlina gummifera, «esta última também denominada cardo-de-visgo, e outras cujos receptáculos carnosos se comem, como as alcachofras». É assim mais crível a corruptela de «cardina» em «carlina».

 

[Texto 10 564]

Léxico: «putschista»

Já o esperávamos

 

      «Apesar do tom dramático, a agenda noticiosa não deu conta de qualquer manobra militar, de qualquer tentativa de assalto de putschistas ou de um vago sinal de ataque ao sistema partidário, à Constituição ou aos pilares da Justiça. O que dominou a actualidade deste país cada vez mais propenso à infantilização e ao dramatismo sem correspondência foi um telefonema em directo do chefe de Estado para uma conhecida apresentadora de televisão» («Estamos a tirar o valor às palavras», Manuel Carvalho, Público, 8.01.2019, p. 6).

      Sabia que era assim: encontramo-lo no VOLP da Academia Brasileira de Letras, mas não no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora.

 

[Texto 10 563]