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Linguagista

Léxico: «parada»

Não são daqui, confessem

 

       «Um veículo de transporte de doentes dos Bombeiros Voluntários de Borba, no distrito de Évora, foi furtado esta quinta-feira de manhã na parada do quartel, disse à agência Lusa o comandante da corporação, Joaquim Branco» («Furtado veículo de transporte de doentes dos Bombeiros de Borba», Rádio Renascença, 10.01.2019, 21h48).

     Para os nossos dicionários, parada é só em quartel militar. Até parece que não vivem aqui onde eu vivo. Mesmo assim, diga-se, a definição do dicionário da Porto Editora ainda é a melhor: «MILITAR espaço no interior de um quartel onde se realizam formaturas, instruções, revistas, etc.». Vá, embrulhem.

 

[Texto 10 572]

Léxico: «jurassiano/juraico»

É o que sai

 

      «Os cadáveres dos dois pilotos do caça Mirage 200D que se despenhou quarta-feira no leste de França foram localizados esta quarta-feira, anunciou a ministra da Defesa, Florence Parly, em comunicado. [...] Na sua conta da rede social Facebook, a guarda do departamento do Jura precisou que o avião desapareceu “quando sobrevoava o maciço jurássico entre Mouthe (Doubs)/Mignovillard (Jura) e a fronteira suíça”» («Encontrados corpos dos dois pilotos do avião caça que se despenhou em França», TSF, 10.01.2019, 20h48).

      O que eu me rio com estes jornalistas! Meus amigos, relativo ao Jura, cadeia de montanhas da França e da Suíça, o adjectivo é juraico. Por acaso, está no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora. Então, está tudo bem? Impossível! O Dicionário de Português-Francês regista jurassiano (jurassien em francês), mas, como está de relações cortadas com o Dicionário da Língua Portuguesa, este ignora-o. No Facebook, a Gendarmaria do Jura (ou Guarda, sim) escreveu que o avião francês desapareceu «alors qu’il survolait le massif jurassien entre Mouthe (Doubs)/Mignovillard (Jura) et la frontière suisse». Nem todos são ignorantes, pois então. Entretanto, no Houaiss (Lisboa, 2003), só «jurássico», tal como no Sacconi, que, no fim do verbete, lembra que é galicismo. Pois...

 

[Texto 10 571]

Léxico: «Terenas/terena»

Não há índios no Alentejo

 

      Leosmar Antonio, da tribo dos Terenas, no Brasil, é biólogo e doutorou-se em Epidemiologia em Saúde Pública. É o único da sua comunidade de Cachoeirinha a alcançar o grau académico de doutor. O vocábulo terena está, naturalmente, no VOLP da Academia Brasileira de Letras. Na Infopédia, só Terena, uma vila e freguesia do Alandroal, no Alto Alentejo.

 

[Texto 10 570]

Léxico: «microrrobótica»

Vê-se de quando em quando

 

      «O desenvolvimento do produto ainda está na fase de protótipo. Para além disso [sic], a empresa que criou este vibrador não revela todos os segredos (alegando segredos industriais), mas garante que usa microrrobótica, ventilação, batimentos e bom design. De acordo com a Lora DiCarlo, o Osé será o primeiro equipamento do seu género a garantir orgasmos pela estimulação do clitóris e do ponto G» («Um vibrador esteve para receber o prémio Inovação da CES, mas foi desqualificado», Rui Tukayana, TSF, 10.01.2019, 12h41).

      Já o vimos aqui incorrectamente escrito num livro. Hoje, foi escrito correctamente. Tem dias e horas. Não estar nos dicionários há-de explicar alguma coisa.

 

[Texto 10 569]

Professores e jornalistas

Poing!

 

      «Os alunos que escolhem cursos do ensino superior da área da Educação, e esperam portanto virem a ser professores, estão entre os que têm pior desempenho a Português, indica um estudo da Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC)» («Futuros professores são piores a Português do que aqueles que serão médicos», Clara Viana, Público, 10.01.2019, p. 14).

      De facto, tenho visto uma boa amostra desta espécie. Mas, que dizer dos que vão para o jornalismo? Clara Viana devia escrever «e que esperam portanto vir a ser professores» — porque a marca da pessoa já está no primeiro verbo.

 

[Texto 10 568]