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Linguagista

«Sob/sobre», de novo e sempre

Corrijam ou corrijam-se

 

      «O PSD é um partido grande de mais e importante de mais para poder estar sujeito a permanentes manobras tácticas ao serviço de interesses individuais ou de grupos, sejam estes mais às claras ou mais escondidos sobre o manto de qualquer secretismo», disse esta tarde Rui Rio, presidente do PSD, a propósito do desafio da traição de Luís Montenegro. Disse, eu ouvi, mas imperdoável, aqui, é os jornalistas transcreverem esta parte do discurso sem o corrigirem. É, em qualquer caso, condenável: os que sabem que é erro deviam corrigi-lo; os que não sabem, e não serão assim tão poucos a avaliar pelo panorama, deviam corrigir-se. É sob o manto, debaixo do manto, às escondidas, porque sobre o manto nada se esconde.

 

[Texto 10 581]

Léxico: «leite»

Leite de aranha ou de arroz

 

      Esta semana, assisti a uma cena curiosa: num supermercado, uma senhora idosa estava, toda arreliada, a perguntar ao caixa porque não tinham leite de arroz. Realmente, as pessoas já interiorizaram isto: leite já não é apenas de vaca, cabra, ovelha, jumenta ou búfala. É um líquido esbranquiçado como o leite — e que substitui o leite. É leite de soja, de arroz, de amêndoa... Pelo menos o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora ainda não acolhe esta extensão de sentido, que, evidentemente, deixem-me cá dizer a tempo, não é esta: «suco branco segregado por alguns vegetais». Isto é outra coisa. Ainda nesta quinta-feira a revista Science publicou um estudo de uma equipa de cientistas chineses que descobriu que uma espécie de aranha saltadora, a Toxeus magnus, amamenta as suas crias com... leite. Enfim, com um fluido que a mãe aranha segrega e que é muito semelhante ao leite, com quase quatro vezes a quantidade de proteína encontrada no leite de vaca, mas a que os investigadores dão o nome de leite. O futuro da humanidade, diz-se, passa pelo consumo dos próprios insectos e destes produtos.

 

 [Texto 10 580]