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Linguagista

Léxico: «balético»

Ninguém estranhará

 

      «O desafio foi vencido com entrega, imaginação e competência artística, não me cabendo, contudo, pronunciar em particular nem sobre as escolhas dos guionistas, nem sobre a vertente balética do evento» («Música com letra em latim, música com dança: novidades antigas, tradições modernas», Manuel Pedro Ferreira, Público, 15.01.2019, p. 33).

      Ó Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, se já registas balé, estranho é que não acolhas balético, ou não?

 

[Texto 10 594]

Léxico: «italianizante»

Há, mas nos bilingues

 

      «A pronúncia do latim seguiu a linha de recuperação das pronúncias nacionais que, aplicada ao repertório português mais antigo, julgo ter sido iniciada em Inglaterra pel’ A Cappella Portuguesa e seguida entre nós pelas Vozes Alfonsinas e outros agrupamentos; contudo, a Cappella dei Signori surpreendeu ao optar por uma pronúncia, mais que portuguesa, claramente lisboeta (em vez do italianizante A-nhuz De-i, Ag-nux Dê-i)» («Música com letra em latim, música com dança: novidades antigas, tradições modernas», Manuel Pedro Ferreira, Público, 15.01.2019, p. 33).

      No Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora: ✘. No VOLP da Academia Brasileira de Letras: ✔.

 

[Texto 10 593]

Léxico: «tardo-renascentista/falsetista/violone»

Logo uma tripla

 

      «A prestação da Cappella dei Signori [agrupamento musical], iniciada com uma impressionante versão, em registo grave, do moteto O bone Jesu, de Pero de Gamboa, caracterizou-se pelo uso exclusivo de vozes masculinas (incluindo falsetistas), apoiadas por fagote, violone e órgão (à maneira tardo-renascentista, e não como baixo contínuo); embora com presenças algo desiguais, os cantores lograram formar, debaixo da direcção cuidada de Ricardo Bernardes, uma sonoridade coesa, fosse na fusão harmónica, fosse na precisão dos ataques» («Música com letra em latim, música com dança: novidades antigas, tradições modernas», Manuel Pedro Ferreira, Público, 15.01.2019, p. 33).

      Ora, no dicionário da Porto Editora, temos tardo-gótico e tardo-medieval, e nada mais. E também não encontramos nele falsetista. Quanto a violone, bem sei que é italiano — mas figura como vocábulo estrangeiro no VOLP da Academia Brasileira de Letras. Percebe-se porquê. «Antico strumento della famiglia delle viole, considerato l’antenato dell’attuale contrabbasso: il fondo è piatto, e termina in alto come quello della viola da gamba», lê-se no Treccani.

 

[Texto 10 592]

Léxico: «desovante»

Talvez desplante

 

      «A população de sardinhas partilhada por Portugal e Espanha, o chamado stock ibérico, vive uma situação semelhante à da população portuguesa de humanos: uma população de adultos estável, mas com cada vez menos juvenis, pondo em causa a renovação das gerações. [...] Os bacalhaus juvenis não estão em alta, mas a chamada biomassa desovante está em níveis elevados e há uma estabilidade do stock num nível elevado» («Sardinha em crise. Stock no mar é menos de metade daquilo que devia ser», Nuno Guedes, TSF, 15.01.2019, 10h22).

      O dicionário da Porto Editora atira-me com nove hipóteses: «Queria pesquisar derivante, descante, descorante, desplante, dessoante, destoante, desviante, detonante, devorante?» Não, era mesmo desovante. No VOLP da Academia Brasileira de Letras: ✓.

 

[Texto 10 591]