Léxico: «hiperexpressão»
Com mais ou menos dúvidas?
«Verificou-se que isto acontecia devido à hiperexpressão de um par de genes distintos que deriva do mesmo gene ancestral: o Lin28a e o LIN28B, que controlam a identificação e a auto-renovação das células estaminais embrionárias, são importantes no desenvolvimento e crescimento e podem estar envolvidos em diferentes tipos de cancro» («Como a cauda dos ratinhos já nos disse muito sobre o desenvolvimento embrionário», Teresa Sofia Serafim, Público, 19.01.2019, p. 35).
Será que vale a pena levar hiperexpressão para os dicionários? Vale. Desta vez, está bem escrito, mas já o tenho visto mal escrito. Uns parágrafos atrás, a jornalista escorregou noutra: «Desmontemos essa rede. Para tal, é necessário ter em conta que o desenvolvimento do corpo dos vertebrados se faz progressivamente ao longo de um eixo antero-posterior, que se inicia na cabeça e termina na cauda.» É ântero-posterior. E quando são os dicionários que erram? Vamos imaginar esta situação, que há-de ser comum: alguém lê este texto e quer comprovar se se escreve mesmo «auto-renovação». No dicionário da Porto Editora não encontraria «auto-renovação» nem (pelo menos isso) «autorrenovação», mas topava tanto com «auto-referencialidade» como com «autorreferencialidade». Que acham: ficaria com mais ou com menos dúvidas?
[Texto 10 618]