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Linguagista

Se é estrangeiro, paga

Uma solução para os nossos tempos

 

      «Na rua Garrett, onde antes existira uma confeitaria chamada A Gratidão, é que ganhou o nome de Pâtisserie Benard — e acabou com a designação francesa, passando a ostentar na marca o termo ‘pastelaria’, em 1926, quando a Câmara Municipal de Lisboa começou a cobrar uma taxa elevada pelos letreiros em idioma estrangeiro (se o francês era lido em muitos dísticos do Chiado, o inglês dominava as fachadas do Cais do Sodré). Mas o ‘menu’ de um ‘lunch’ de 1936 ainda era todo escrito no idioma da gastronomia, com ‘fruits à la française’ e ‘ananas au vin de Porto’» («Os 150 anos da pastelaria de Élie Benard», Fernando Madaíl, «Domingo»/Correio da Manhã, 27.01.2019, p. 38).

      Se Fernando Medina ler isto, ainda se desforra da devolução da inconstitucionalíssima Taxa Municipal de Protecção Civil.

 

[Texto 10 703]

Novas modalidades

Já lá estão outras

 

      Na TVI, uma reportagem deu a conhecer as novas modalidades dos ginásios para prender novos clientes (desses que não mexem uma palha durante o dia, durante dias, e depois querem compensar) neste início de ano. Ficámos a conhecer pelo menos três: pound, tecido vertical e floatfit. Uma pessoa pensa logo se chegarão aos dicionários. Tentei então lembrar-me de uma ao calhas, assim destas de nome estrangeiro, e de preferência com mais de uma palavra, para ser mais improvável. Ora, no dicionário da Porto Editora encontrei body pump, e até grafado sem itálico, como se fosse português: «modalidade aeróbica em que se utilizam barras e pesos, sincronizados com música, sob a orientação de professores». Qual o critério para entrarem umas e não outras?

 

[Texto 10 702]

Léxico: «formiga-bala»

Seis patas, duas antenas

 

      «Pode pagar 500 euros para comprar uma rainha das famosas “formiga bala” [sic] (Paraponera clavata), mas a sua introdução em Portugal pode ser uma ameaça para o ecossistema e não só. “Chamam-se formigas bala porque quem já levou um tiro e foi picado prefere levar um tiro outra vez do que [sic] voltar a ser picado” [diz o biólogo Eduardo Sequeira]» («Uma sociedade de fêmeas com “machos de cérebro limitado”. Segredos da irmandade das formigas», Carolina Rico, TSF, 2.02.2019, 14h52, itálico meu).

      No Brasil, é conhecida por vários nomes, nenhum deles formiga-bala, tradução do nome que tem em inglês, bullet ant. Nos dicionários, há muitas formigas, mas bala só comboio-bala.

 

[Texto 10 701]

Léxico: «eussocialidade»

É só distracção?

 

      «Vivem numa “eussocialidade”, um sistema que durante muitos anos intrigou os biólogos. Não segue as regras da evolução, nem da sobrevivência do mais forte, mas ainda assim resulta. E muito bem. Há 15 mil espécies de formigas no planeta Terra, além de muitas por descobrir, e podem ser encontradas em todos os continentes — menos na Antártida» («Uma sociedade de fêmeas com “machos de cérebro limitado”. Segredos da irmandade das formigas», Carolina Rico, TSF, 2.02.2019, 14h52).

      Usa-se (tal como o adjectivo eussocial), mas não a encontramos nem em dicionários nem em vocabulários. Isto será mesmo só distracção ou uma opção absurda?

 

[Texto 10 700]