Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Linguagista

Léxico: «infra-animalidade»

Bicharada miúda

 

      A convidada da emissão de hoje dos 90 Segundos de Ciência, na Antena 1, foi Cristina Álvares, do Centro de Estudos Humanísticos da Universidade do Minho, que veio falar do trabalho de um grupo de investigação daquela universidade que estuda a presença dos cães na literatura portuguesa do século XX. «Temos também uma outra linha de investigação que diz respeito às infra-animalidades — as larvas, os vermes, as centopeias, as baratas, as moscas, as pulgas ­— que pululam na literatura, no cinema, na banda desenhada, aqui temos autores como Robbe-Grillet, Alfredo Margarido, Clarice Lispector, Sartre, Duras, etc.»

 

[Texto 10 713]

Léxico: «mixólogo»

Existem quase sempre os dois

 

      «Ao reunir alguns dos melhores chefs do país, profissionais do mundo da restauração e turismo, embaixadores de marcas, sommeliers e mixólogos, o 1º Congresso de Gastronomia do Algarve [15, 16 e 17 de Março, na Escola de Hotelaria e Turismo do Algarve, em Faro] “posiciona-se com uma referência na região, e um local onde todos têm a oportunidade de interagir com os melhores profissionais do setor, num ambiente informal”» («1º Congresso de Gastronomia do Algarve vai reunir “o que há de melhor na região”», Sul Informação, 4.02.2019, 17h24).

      Não, Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, não se usa apenas mixologista.

 

[Texto 10 711]

Terceiro pólo

Quanto a topónimos, é para esquecer

 

      «Dois terços dos glaciares das montanhas do Hindu-Kush-Himalaias poderão derreter até ao fim do século se o planeta continuar a aquecer por causa dos gases de efeito de estufa, segundo um estudo científico publicado esta segunda-feira. O chamado “terceiro polo”, por causa da quantidade de gelo ali concentrada, estende-se por 3.500 quilómetros, entre o Afeganistão e a Birmânia, e a continuação do aquecimento global ameaça desestabilizar os grandes rios da Ásia, concluíram os investigadores do Centro Internacional para o Desenvolvimento Integrado da Montanha, uma organização sedeada em Katmandu, no Nepal» («Dois terços dos glaciares dos Himalaias podem derreter até 2100», TSF, 4.02.2019, 13h36).

      Na verdade, Indocuche (ou Indo-Cuche), «sediada», Catmandu, entre outros pormenores.

 

[Texto 10 710]

Léxico: «banano»

A última vez

 

      «— Teresa, se dizes mais uma palavra, apanhas um banano» (Ilha Teresa, Richard Zimler. Tradução de José Lima. Alfragide: Publicações Dom Quixote, 2012). Comenta logo de seguida o narrador: «Esta conversa era em português, naturalmente. Mesmo que ela melhore o inglês, o que é pouco provável, há expressões que ela nunca há-de aprender.» No dicionário da Porto Editora, nicles. Quando foi, ao certo, a última vez que deparei com a palavra? No Tubo de Ensaio de 24 de Janeiro. (A propósito de última vez: comentadores anónimos, desanonimizem-se ou não põem cá os pezinhos. Ou tenho de pôr um dístico a avisar: «Não se admitem cães nem comentadores anónimos.» Caramba, é elementar.)

 

[Texto 10 709]

Léxico: «metrobus»

Nem chus nem bus

 

      «“Já começou esta semana” a desmatação do canal que vai receber o sistema de transporte ‘metrobus’ elétrico, avançou o ministro Pedro Marques, numa audição parlamentar na Comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas, requerida pelo PCP. [...] De acordo com o governante, o ‘metrobus’ (sistema de autocarros elétricos) permite aumentar de “seis até dez vezes mais” a população abrangida em comparação com o sistema de ferrovia pesada que existiu na região, além de distribuir os passageiros por uma maior área urbana e efetuar as ligações em tempo mais curto do que a proposta do metro ligeiro apresentada pelo Governo anterior» («Ministro estima que ‘metrobus’ em Coimbra aumente procura face à ferrovia pesada», Diário de Notícias, 14.07.2017, 12h00).

      Ainda hoje ouvi a palavra num noticiário da Antena 1. Claro que, como acontece com tantas outras, a vemos escrita das mais desvairadas formas. Enfim, usa-se. Na Infopédia, apenas encontramos metrobús no Dicionário de Espanhol-Português da Porto Editora: «passe de dez viagens para metro ou autocarros urbanos».

 

[Texto 10 708]

Léxico: «referendário»

Olha, pois foi

 

      «Os Gilets Jaunes foram tomados pela febre referendária, exigindo a generalização do “referendo de iniciativa cidadã” (RIC, na foto). Perante os extensos e contraditórios “cadernos de queixas”, a reivindicação do referendo é um elemento unificador. Cita-se Jean-Jacques Rousseau e admira-se o modelo suíço» («A febre referendária. Exemplos da França e da Itália», Jorge Almeida Fernandes, Público, 2.02.2019, p. 36).

      Ó Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, lá te esqueceste de que referendário também é adjectivo. Linguisticamente mais interessante, desta mesma família, é «referenda».

 

[Texto 10 707]