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Linguagista

Léxico: «languedocense»

Usado, mas esquecido

 

      «Tanto os Levalloisenses (250 000-70 000) como os Mousterienses (140 000-70 000) e os Languedocenses (depois de 70 000) eram caçadores e tenderam a tornar-se cada vez mais assim à medida que o tempo ia passando» (História de Portugal: Das Origens às Revoluções Liberais, A. H. de Oliveira Marques. Lisboa: Palas Editores, 1977, p. 11).

     Não o vemos no dicionário da Porto Editora, que apenas regista languedociano, mas encontramo-lo num texto de apoio da Infopédia. Enfim, é abundantemente usado. Dicionários fora dos dicionários.

 

[Texto 10 799]

Léxico: «hircaniano»

Desconhecido

 

      «Pouco posterior a Mela e a Plínio é a referência de Sílio Itálico a este mesmo rito fúnebre na sua Segunda Guerra Púnica (13.473sq): Regia cum lucem posuerunt membra, / probatum est Hyrcanis adhibere canes (os Hircanianos consideram um acto de respeito o uso de cães quando um rei morre)» (D. Pedro e D. Inês: Diálogos entre o Amor e a Morte, Maria Helena da Cruz Coelho e ‎António Manuel Ribeiro Rebelo. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2016, p. 87).

       Viviam na Hircânia, sobreviveram nos livros, morreram nos nossos dicionários. Um triste fim.

 

[Texto 10 798]

Léxico: «demonomania»

Jamais

 

      O mago, que fala francês, diz que pretende ensinar ao filho, entre outras matérias e artes, a demonomania. Pois, fala francês: démonomanie. O tradutor verteu a palavra por demonomania, legando-nos o problema: nos nossos dicionários (sem excepção, ao que creio), a demonomania não é nada que alguém, mago ou não, ensine. É um estado mórbido, um distúrbio mental, em que o doente se julga possesso do Demónio. Para este estado, porém, existe a designação cacodemonomania. Há lacunas e incongruências que os dicionários jamais resolverão.

 

[Texto 10 797]

Léxico: «radiofármaco/neuroendócrino»

Aponta aí

 

      «Este elemento radioativo [gálio-68] poderá mudar por completo o acesso ao diagnóstico a partir de radiofármacos para tumores neuroendócrinos (pâncreas) e da próstata, salienta o coordenador do projeto» («“Alquimia do século XXI”. Acelerador de partículas para fazer deteção precoce do cancro», Rádio Renascença, 15.02.2019, 10h04).

      Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, não deixes passar a ciência ao lado: radiofármaco e neuroendócrino.

 

[Texto 10 796]

Léxico: «silenciário»

Carago!

 

      «Era possível que ela viesse assim, essa maldita, na feeria argêntea dessa noite, com a foice escondida em musselinas, silenciário carrasco sem memória, correndo em passos de êxtase e de opala, e matando com um hálito de gelo, num aflorar de plumas hesitantes junto do qual um beijo era grosseiro?...» (Serão Inquieto, António Patrício. Porto: Livrarias Aillaud e Bertrand, 1920, p. 71).

      Ó dicionário da Porto Editora, então tu também encafuas este nos bilingues? Caramba, António Patrício (1878-1930), escritor e diplomata, até nasceu aí no Porto.

 

[Texto 10 795]

Léxico: «quicuio»

Casados com separação de bens

 

      No Dicionário de Inglês-Português da Porto Editora: Kikuyu é... kikuyu. No Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora: quicuio, «relativo aos Quicuios, povo banto oriundo das montanhas do Quénia». Em três artigos de apoio da Infopédia, também se acha mais natural usar «kikuyu». Que grande surpresa que depois me apareçam aqui artigos de jornais e revistas em que os jornalistas usam estas grafias alienígenas...

 

[Texto 10 794]