Não é bem assim
«Lançada pelos Bahá’ís em 1950, o Dia Mundial da Religião, colocado significativamente no singular e não no plural, mostra-nos uma das dimensões essenciais dessa religião tão humanista e tão empenhada nas questões da dignidade e dos Direitos Humanos» («As religiões e o Estado, ou para um questionamento dos fundamentalismos», Paulo Mendes Pinto, coordenador da área de Ciência das Religiões da Universidade Lusófona, Visão, 21.01.2019, 8h12).
Já um dia tinha tentado encontrar bahá’í no dicionário da Porto Editora, mas decerto estaria com pouco tempo e desisti ao fim de segundos, já vamos ver porquê. Talvez tenha, mas creio que não, consultado o verbete com o nome desta religião. Se o tivesse feito, teria encontrado a pista: bahaísmo, baaísmo, «religião monoteísta derivada do babismo, fundada em 1863 por Mirza Husayn (1817-1892), que afirma a existência de uma unidade essencial entre todos os seres humanos e todas as religiões». Pista essencial, pois só daqui chegaria ao verbete bahaísta, baaísta. Nunca, e conheço largas dezenas de pessoas que professam esta religião, ouvi nenhuma dizer que era «bahaísta» ou «baaísta». São bahá’ís. Claro, a grafia não é portuguesa, como também sucede com muitos outros termos que usamos e dicionarizamos — mas parece-me vislumbrar uma maneira de, respeitando a nossa língua, não nos afastarmos assim tanto da realidade. A outra questão que merece revisão é a forma como se define a religião. Ao mencionar-se apenas o nome do fundador, Mirza Husayn, fica na sombra a relação com o nome da religião. Ora, Mirza Husayn Ali Nuri tomou para si, em 1848, o nome de Bahá’u’lláh (a glória de Deus).
O resto é mais ou menos conhecido: com a Revolução Islâmica, em 1977, os bahá’ís tiveram de fugir à perseguição de que eram alvo, e muitos vieram para Portugal, que não exigia vistos aos Iranianos.
[Texto 10 834]