Para parecer mais complexo
«Depois da entrada em vigor, em abril de 2018, do regulamento da Comissão Europeia sobre boas práticas no setor da alimentação, a associação Defesa do Consumidor (DECO) decidiu testar com congéneres de nove países — França, Alemanha, Holanda, Noruega, Bélgica, Eslovénia, Dinamarca, Itália e Espanha — mais de 500 produtos disponíveis no mercado. O objetivo? Avaliar o teor de acrilamida em alimentos que fazem parte do consumo diário dos consumidores. A acrilamida é um químico que se forma em certos tipos de alimentos durante a sua preparação a temperaturas elevadas. [...] Em 2002, investigadores suecos descobriram que se formava acrilamida em alguns alimentos ricos em amido e asparagina (um aminoácido), com baixa humidade, quando submetidos a altas temperaturas» («Encontradas doses perigosas de acrilamida em alimentos à venda em Portugal», Nuno de Noronha, Sapo Lifestyle, 4.03.2019, 13h23).
Asparagina ainda o dicionário da Porto Editora tem, mas não acrilamida. Bem, consultemos o dicionário da Junta da Galiza: «QUÍM Amida do ácido acrílico que se emprega na obtención de polímeros». Aliás, a definição de asparagina não tem nada de recomendável, como se pode ver: «substância obtida do aspárago e que tem acção diurética». Ora, adeus! Digamos que é o preço por consultar o dicionário. Se o termo mais vulgar é «espargo», para quê «aspárago»? Se é para mostrar a ligação (que não tem necessariamente de se explicitar) entre os vocábulos, façam assim ou algo semelhante: «substância obtida do espargo (ou aspárago, daí o nome) e que tem acção diurética». Afinal, não é obrigatório castigar o falante e obrigá-lo a consultar dois verbetes, ou é? Sejam práticos e claros.
[Texto 10 925]