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Linguagista

Léxico: «intergovernamentalismo»

Assim não

 

     «Com este livro, procurámos compreender em que medida a evolução que marcou a última década comunitária deixa antever a construção de um quadro de integração que definimos como neofederal e que poderá resultar, pela sua hibridez, numa superação da tradicional dicotomia intergovernamentalismo/supranacionalismo» (Construir a Europa: o Processo de Integração entre a Teoria e a História, Isabel Camisão e ‎Luís Lobo-Fernandes. S. João do Estoril: Principia, 2005, p. 237).

      Ainda hoje o termo é usado no Público, numa pré-publicação. Os nossos dicionários não vão mais longe do que «intergovernamental». Sem palavras, não conseguimos trabalhar.

 

[Texto 11 092]

Léxico: «ranavirose»

Paulatinamente

 

      «Além da quitridiomicose, nos anos 1990 houve em Portugal um surto de ranavirose (doença causada pelo ranavírus) no Parque Nacional da Peneda-Gerês que levou à morte de centenas de tritões e de outros anfíbios. No final de 2011, a ranavirose também emergiu na Serra da Estrela» («O fungo assassino que já dizimou populações de 500 espécies», Teresa Sofia Serafim, Público, 1.04.2019, p. 32).

      Há dois anos, sugeri a inclusão do vocábulo ranavírus à Porto Editora. Já lá está. Agora falta a ranavirose.

 

[Texto 11 091]

Léxico: «quitrídio»

Para ficar melhor

 

      «Quando o fungo quitrídio (Batrachochytrium dendrobatidis) infecta a pele de várias espécies de rãs, sapos e outros anfíbios[,] causa a quitridiomicose – que também pode ser provocada pelo fungo Batrachochytrium salamandrivorans, que afecta salamandras e tritões» («O fungo assassino que já dizimou populações de 500 espécies», Teresa Sofia Serafim, Público, 1.04.2019, p. 32).

    Até está no dicionário da Porto Editora, sim, mas falta-lhe o nome científico: «designação comum, extensiva a diferentes espécies de fungos microscópicos, sapróbios ou parasitas, que vivem em ambientes húmidos ou aquáticos».

 

[Texto 11 090]

Topónimo: «Sarbruque»

Quase esfíngico

 

      «“Sabemos o que o parlamento britânico não quer, mas ainda não o ouvimos dizer o que quer. Uma esfinge é um livro aberto em comparação com o parlamento britânico”, ironizou Jean-Claude Juncker, num discurso em Sarbruque, na Alemanha» («“Esfinge é um livro aberto em comparação com o parlamento britânico”», Lusa/TSF, 1.03.2019, 16h08).

      Até parece mentira, e, como é 1 de Abril, talvez não se repita: Sarbruque. Nos textos de apoio da Infopédia, optam por Saarbrücken, uma vez com trema, duas sem trema. Enfim, como calha. O artigo tem ainda a vantagem de lembrar a figura da Esfinge àqueles que estão mais afastados da Antiguidade greco-romana. Aliás, por falar nisso, não sei se aquela com que Édipo se defrontou às portas de Tebas não merece a maiúscula, aspecto sobre o qual o dicionário da Porto Editora não se pronuncia. A minha preferência aí fica.

 

[Texto 11 089]

Léxico: «detalhista»

Por falar nisso

 

      Sempre resisti a falar dela aqui, mas existe, é usada, e por isso, aproveitando ter referido outro termo relativo aos automóveis, aqui vai: detalhista é mais do que se diz nos dicionários. No mundo automóvel, é o que presta serviços de limpeza, exterior e interior, profunda, desamolgamentos, etc. A DECO já levou um carro a uma oficina: «A oficina repara, o bate-chapa resolve as mossas e há quem restaure carros antigos. E, depois, há os detailers, ou detalhistas, que melhoram o interior e o exterior da máquina. Já experimentámos o spa dos automóveis e mostramos tudo.» Nos EUA, é um negócio que movimenta milhares de milhões de dólares.

 

[Texto 11 088]

Léxico: «lambrequim/paquife»

Quase patife

 

      A palavra do dia, na Infopédia, é lambrequim, que, em heráldica, designa o «elemento ornamental (manto, folhagem, etc.) que pende do elmo sobre o escudo de armas». Não está mal, mas estaria ainda melhor se dissesse que cada um desses ramos do lambrequim heráldico tem o nome de paquife, e, o que é mais, por vezes usam-se indiferentemente para designar o mesmo. Lambrequim era, propriamente, o pano que o cavaleiro por vezes trazia pendente do cimo do elmo com o objectivo de se proteger do sol.

 

[Texto 11 086]

Léxico: «bursite/microrruptura»

Logo dois

 

      «Alex Telles com bursite. Saiba o que é» (Rádio Renascença, 31.03.2019, 15h34). Vamos lá saber o que é. Num dicionário? Podemos não ficar totalmente elucidados. Para o dicionário da Porto Editora, bursite é a «inflamação (crónica ou aguda) de uma bolsa do organismo». «Segundo os dragões, Alex Telles sofre de “bursite na anca direita”, ou seja, tem uma inflamação das bolsas que estão entre o osso e o tendão. A comunicação dos azuis e brancos no site oficial não avança tempo de paragem.» Este artigo refere ainda que há outro jogador com um problema — não diagnosticável com a ajuda daquele dicionário: «Também lesionados estão Marius, que sofreu uma microrrotura no adutor da coxa direita, durante jogo da equipa B, Bruno Costa, que faz treino condicionado, e Aboubakar, que voltou a realizar treino integrado condicionado.»

 

 

[Texto 11 085]