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Linguagista

Léxico: «menorização»

Serve para todos

 

      «Em comunicado, Cristina Rodrigues, da Comissão Política Nacional do PAN, considera que “esta atitude [do advogado Pedro Proença, que num processo de violação pediu o afastamento da juíza por esta ser «mulher e certamente mãe»] revela uma total menorização e discriminação das mulheres na sociedade, que não pode ser aceitável por parte de um agente de justiça que tem especiais responsabilidades na transmissão de valores à sociedade”» («TVI dispensa Pedro Proença após advogado tentar afastar juíza por ser mulher», Rádio Renascença, 12.04.2019, 12h49).

      O Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora menoriza, mas nunca chega à menorização. Dou-lhe, assim, nota 7. Outros que aprendam também a lição.

 

[Texto 11 170]

Léxico: «galo-da-índia/nevróptero/coquicho»

Outra vez: inesgotável

 

      Ainda vos lembrais de, num Telejornal em 1992, terem mostrado um galo-da-índia com (vossa licença) cornos, em exposição numa loja de animais do Cacém? Eu também não. Pois até hoje o dicionário da Porto Editora jura que não há galos-da-índia, só galinhas! Outros dizem que, com esse nome, só um insecto nevróptero, mas aquele dicionário também não sabe do que se está a falar. É um galo, sim senhor, um coquicho. Também não conheces?... Ora adeus! Desisto, vou almoçar. E sabei que eu, ao contrário de Mateus (Mt 28,20), não estarei sempre convosco até ao fim dos tempos. Outros compromissos.

 

[Texto 11 169]

Léxico: «troposférico»

Inesgotável

 

      Hoje é Dia Nacional do Ar, data que a Agência Portuguesa do Ambiente aproveitou para lançar uma campanha que apela para uma mudança de comportamentos. Hoje também, apresentará a nova página da Internet, que, entre outras informações, divulgará os níveis de poluição em todo o território nacional. Faz bem, porque agora a página parece saída dos primórdios da Internet. Ora aqui na previsão diária do índice de qualidade do ar, vejo que em Lisboa é bom e no Porto é médio. O poluente no Porto são as partículas, em Lisboa é o ozono, um poluente secundário. Ozono troposférico (O3), sendo que troposférico não está no dicionário da Porto Editora.

 

[Texto 11 168]

Nomes de povos nos dicionários

Para se ter uma ideia

 

      Para se ter uma ideia mais precisa, que é o que muitas vezes falta: das nove etnias representadas no Conselho Indígena de Roraima, que antes mencionei, só quatro estão no dicionário da Porto Editora: Macuxis, Vapixanas, Saparás e Ianomâmis. Logo, faltam os Ingaricós, Patamonas, Uaiuais, Taurepangues e Yekuanas. Só para este último, note-se, não encontrei aportuguesamento, apesar de, evidentemente, ser muito fácil.

 

[Texto 11 167]

Léxico: «taurepangue»

Aponta: tau· re· pan· gue

 

      A propósito do Brasil: o Conselho Indígena de Roraima, que reúne nove etnias e é considerado uma das organizações indígenas mais activas, tem como coordenador-geral Enock Batista Tenente, um taurepangue de 29 anos. Diacho, isto não se passa no Planeta Vermelho, é no Brasil, como é que os nossos dicionários não registam taurepangue? Afinal, a palavra até aparece na imprensa portuguesa.

 

[Texto 11 166]

Léxico: «esculhambação/pudibundaria»

A obra completa

 

      Marcelo Crivella, o prefeito carioca, veio recentemente dizer que o Rio de Janeiro «é uma esculhambação completa». Ora, se o dicionário da Porto Editora já acolhe os brasileirismos esculhambar e esculhambado, não se percebe como não regista o substantivo esculhambação. Ao que parece, esculhambar é de formação expressiva: envolve «colhão», segundo os mais respeitáveis linguistas. E a propósito do órgão sexual masculino, temos de lamentar a pudibundaria (outra que te falta, Porto Editora) que leva a silenciar expressões como (não) ter colhões, para significar a (falta de) coragem.

 

[Texto 11 165]

Léxico: «instagramável»

Não há-de demorar

 

      «As redes sociais fazem parte do dia a dia da generalidade das pessoas e o tempo de descanso não é exceção. Metade da população portuguesa assume que escolhe um destino de férias com base no seu potencial para ser ‘instagramável’» («Destino escolhido a pensar nas redes», João Moniz, Destak, 12.04.2019, p. 7).

      Não há dúvida de que é a rede social do momento, por ser também a que patenteia melhor todos os exibicionismos. Estranho é o verbo instagramar não estar já nos dicionários, como googlar, blogar, tuitar, facebookiano, etc.

 

[Texto 11 164]

Léxico: «andrologista»

Androloge

 

      «Há estimativas que vão ainda mais longe: no seu estudo Fitoterapia, Suplementos e Vitaminas na Saúde Masculina, o andrologista Sílvio Bollini, do Centro Hospitalar de Leiria, indica que o mercado negro dos potenciadores equivale a 30 mil milhões de euros só nos Estados Unidos» («O negócio milionário das drogas do sexo», Tiago Carrasco, Sábado, 28.03.2018, 16h38).

      Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, parece que te esqueceste de andrologista. Perdido num bilingue.

 

[Texto 11 163]