Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Linguagista

Léxico: «microlegume»

Há, mas lá fora

 

      Na Makro, microlegumes em cuvetes, minicenouras, minibeterrabas, etc. E já há bons negócios em Portugal centrados na produção e comercialização de microlegumes. Por enquanto, e como sempre, só encontramos a palavra em dicionários estrangeiros, como em inglês: microgreen, «a very small, young, and tender edible leaf (as of mustard, radish, mint, or lettuce)» (in Merriam-Webster).

 

[Texto 11 184]

Léxico: «hotelizar»

Portugal inteiro

 

      «Para Fernando Arroubas, é preciso definir uma estratégia que passa necessariamente por parcerias entre as clínicas e os hotéis. “Alguns grandes grupos de saúde até estão a avançar mais depressa que a hotelaria, estão a ‘hotelizar-se’, mas, em diversos países, na sua promoção, há hotéis que fazem questão de referir os centros médicos que têm perto”, diz o especialista [do Centro de Investigação, Desenvolvimento e Inovação da Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril]» («Turismo dentário é nicho de mercado em que Portugal deve apostar», Ana Carrilho, Rádio Renascença, 14.04.2019, 16h34).

      «Hotelização» já eu lera por aí, mas o verbo é a primeira vez que deparo com ele. Enfim, é o próprio País que está a hotelizar-se. Tem potencial, agora vamos ver a frequência com que será empregado.

 

[Texto 11 183]

Léxico: «suburbanidade»

Há décadas, e faz falta

 

      «Um dos raciocínios que faço actualmente, e que motivam a minha ideia de adiamento do processo de regionalização, deve-se ao facto de ser mais urgente o que se passa no litoral, nas áreas metropolitanas, nas áreas de má habitação, nas áreas caóticas de suburbanidade portuguesa» (A Situação Social em Portugal, António Barreto. Matosinhos: Contemporânea Editora, 1996, p. 44).

      Anda por aí há décadas, mas não nos dicionários. Li-o recentemente no Público, por exemplo, mas depois perdi-lhe o rasto e não o pude citar aqui.

 

[Texto 11 182]

Léxico: «grupo de pertença»

É agora

 

      Quando alguém aqui escreve «grupo de pertencimento», isso quer dizer que está na hora de dicionarizar grupo de pertença: «De referir que a inclusão do indivíduo em vários grupos de pertença – a etnia, a nação, a família, o grupo profissional, a comunidade escolar, a classe social... – impede, segundo Jean-François Dortier (1998, p. 51), que quaisquer uma delas tenha uma ascendência definitiva sobre a sua identidade» (A Escola e a Escolarização em Portugal: Representações dos Emigrantes da Europa de Leste, António Sota Martins. Lisboa: Alto-Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural, 2008, p. 76).

 

[Texto 11 181]

Léxico: «bambara»

Hum...

 

      Não se deve acreditar em tudo o que vem nos jornais, dizia-se dantes. Agora há fontes bem mais inquinadas, como se sabe. Impõe-se, porém, a pergunta: e nos dicionários, devemos em tudo? Bah, claro que não! Por exemplo, e será um entre centenas, o dicionário da Porto Editora diz que bambara é a «língua falada pelos povos do subgrupo étnico Bambaras, nomeadamente na região de Gabu, na Guiné-Bissau», o que contraria o que julgo saber bem. Bambara é o indivíduo de uma população sudanesa do grupo mandé concentrada principalmente no Mali, assim como a língua (com o autoglotónimo Bamanankan) falada pelos Bambaras. Resumo: autoglotónimo, bah, bambara, mandé.

 

 

[Texto 11 180]

Léxico: «telelé»

Novamente

 

      «—Vou para casa escrever — informou Nuno e Luísa, quando chegou junto deles —, se for preciso, falem-me para o telelé» (Amor à Primeira Vista, Domingos Amaral. Lisboa: Editorial Notícias, 1999, p. 163). Há sempre questões que ficam pendentes, mas esta quero-a retomar, a bem da língua, ou, pelo menos, da dicionarização. Telelé não é somente, como se lê no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, «forma reduzida de telemóvel». É a redução com redobro de sílaba, não mera redução vocabular. Ora pensai. Sede rigorosos. Trabalhai.

 

[Texto 11 179]

Fora do dicionário

Muitas perguntas

 

      Agora que já se descobriu o local onde Shakespeare escreveu Romeu e Julieta, já não há motivo para perdermos noites a fio a pensar no caso, e podemos avançar para outros mistérios. Por exemplo, por que diacho o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora regista Endoenças, mas não Quinta-Feira de Endoenças? Aliás, todos os nomes por que é conhecida: Quinta-Feira Santa, Quinta-Feira Maior, Quinta-Feira de Endoenças ou Grande e Sagrada Quinta-Feira. Não estar dicionarizado é mau, mas o pior é que estão lá todas as outras datas litúrgicas: Quarta-Feira de Cinzas, Quarta-Feira de Trevas, Sexta-Feira Maior/Santa, Sábado de Aleluia/Santo, Sábado Gordo, Sábado Magro, Domingo de Páscoa, Domingo de Ramos, Domingo Gordo... Não, é apenas o «dia da semana imediatamente posterior à quarta-feira». E, já que estamos aqui, também quero perguntar porque grafam Quinta-Feira de Comadres com minúsculas, e porque não acolhem Quinta-Feira de Compadres. Uma desfeita ao sexo forte...

 

[Texto 11 178]