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Linguagista

Léxico: «társio»

Como este

 

      Segundo a Plataforma Intergovernamental de Políticas Científicas sobre Biodiversidade e Serviços de Ecossistema, da ONU, há um milhão de animais e plantas sob ameaça de extinção no planeta e com o ritmo a acelerar perigosamente. Alguns estão já extintos — nos dicionários. Por exemplo, o társio: «Um társio (Tarsius tarsier) espreita a partir de uma concavidade de uma árvore na Reserva Natural de Tangkoko, nas ilhas Celebes. Estes pequenos primatas de olhos enormes têm hábitos nocturnos, pelo que frequentemente permanecem ocultos durante o dia» («Visões», National Geographic, Maio de 2019). Anda perdido nos dicionários bilingues da Porto Editora, ora como társio, ora como tarseiro. Duplo nos bilingues, nulo no dicionário geral.

 

[Texto 11 317]

Léxico: «bistrô»

Do mal o menos

 

      Capô, champô, complô, robô, etc. Antes assim, porque do mal o menos. Outro que se vai vendo agora com alguma insistência é bistrô. Ainda ontem, por exemplo, vi que na Avenida Aida, no Estoril, há um Benedict Café Bistrô. Se tentássemos convencê-los a escrever desta forma, não aceitariam, seria mera veleidade. É deixar acontecer tudo naturalmente e ver o que se aproveita.

 

[Texto 11 316]

E o «Diário de Notícias» não acertou

Pontapés nos ouvidos

 

      «Ou amplia a FIL ou Câmara pode ter de pagar indemnização à Web Summit» (Dicionário de Notícias, 5.05.2019, 10h36). A Paddy Cosgrave, isto até pode soar tão bem como um fado bem cantado, mas nós somos um bocadinho mais exigentes. Tentassem assim: «Ou CML amplia a FIL ou pode ter de pagar indemnização à Web Summit».

 

[Texto 11 315]

Léxico: «pinheirense»

Pinheiros esquecidos

 

      Um membro da Infância Missionária de Pinheiro da Bemposta, Oliveira de Azeméis, escreve: «Em Janeiro, saímos para a rua, a cantar e encantar os Pinheirenses nas tradicionais janeiras, tendo todo o dinheiro angariado revertido a favor das Obras Pontifícias Missionárias.» Ora, com certeza há mais Pinheiros por esse País fora. Pois o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora o mais próximo que regista é pinhelense.

 

[Texto 11 314]

O «Expresso» errou

Pontapés na pontuação

 

      A «Revista E», do Expresso, publicou neste fim-de-semana uma entrevista com Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifício do Vaticano. O título, porém, está mal pontuado, o que é estranhíssimo, pois nunca um título assim é visto por menos de três ou quatro pessoas. Saiu assim: «O problema não é se Deus existe. É qual Deus?» Ora, tal como está redigida, não podia ter ponto de interrogação. Havia algumas alternativas correctas. Por exemplo, entre outras, esta: «O problema não é se Deus existe, mas qual Deus». Ou estoutra: «O problema não é se Deus existe. É qual Deus». Ou ainda esta: «O problema não é se Deus existe, é antes este: qual Deus?»

 

[Texto 11 313]