Alguma dúvida sobre isto?
«Pode soar estranho, mas, sim, há mesmo pessoas pagas especificamente para criar as línguas fictícias faladas nos filmes e séries de televisão. Linguista de formação, há anos que David J. Peterson ganha a vida a inventar novos idiomas. [...] Ao longo da carreira, Peterson já criou mais de 50 línguas fictícias para projetos televisivos e cinematográficos. É ele o responsável pela existência do ‘Valyrian’ e do ‘Dothraki’, duas línguas faladas na aclamada série “A Guerra dos Tronos”. [...] Com o advento da internet, a aprendizagem de línguas ficcionais tornou-se uma possibilidade real para muitos fãs de filme e séries de culto. Algumas das mais conhecidas são o Klingon, a língua falada em “Star Trek” — que tem reunido um grupo impressionante de falantes desde a década de 1990, com o criador da língua, Mark Okrand, ainda a lançar regularmente novas palavras — e o Na’vi, falado em “Avatar”, o sucesso de bilheteiras de James Cameron» («Estudava ‘Valyrian’ 18 horas por dia. Uma das línguas da Guerra dos Tronos já tem gramática», Rita Carvalho Pereira, TSF, 13.05.2019, 13h25).
Se Rita Carvalho Pereira também disser English em vez de inglês, é coerente; se não disser (como, apesar de tudo, supomos), então está errado. Ficcional, sim, mas traduzível, adaptável. «Valiriano», «dotraqui» e «clíngon», por exemplo. Na obra A Glória dos Traidores, de George R. R. Martin, publicada pela Saída de Emergência, com tradução de Jorge Candeias, o erro é outro (e repetido noutras obras da saga): escrevem «alto valiriano». Ora, se se escreve alto-alemão, tem de se escrever alto-valiriano. Pormenores da língua que escapam aos apressados.
[Texto 11 354]