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Linguagista

Léxico: «pós-democracia»

No pós-eleições

 

      Um termo que também já devia estar dicionarizado, porque é usado em muitas obras editadas em Portugal, é pós-democracia. O conceito foi proposto, já no ano 2000, pelo sociólogo e cientista político inglês Colin Crouch (n. 1944). Afinal, é uma realidade que está aí. Leiam.

 

[Texto 11 430]

Léxico: «bagacina | púmice»

Registar mais, dizer mais

 

      «A área está repleta de bagacinas — pedras constituídas por fragmentos basálticos ou pedra pomes [sic], também denominadas púmice, que se apresenta como uma rocha vulcânica de muito baixa densidade, formada por gases misturados com lava basálticas — e foi cedida pelo Governo regional dos Açores» («Mais de 3 milhões de euros para remover rocha vulcânica da futura prisão dos Açores», Liliana Monteiro, Rádio Renascença, 27.05.2019, 14h45).

      Liliana Monteiro, escreve-se pedra-pomes. Porto Editora, regista púmice e desenvolve um pouco mais bagacinaAçores pequeno fragmento de rocha vulcânica; lapíli»).

 

[Texto 11 429]

Léxico: «agonístico»

É a oportunidade

 

      Num pequeno ensaio que estou a rever — e que não é sobre a Antiga Grécia, mas sim sobre política —, a autora usa onze vezes o adjectivo agonístico: «concepção agonística da própria política», etc. Já me tinha ocorrido estranhar que os dicionários registassem somente que o adjectivo diz respeito ao desporto e significa «relativo a combates». Na esmagadora maioria das vezes, o uso moderno do vocábulo, que não é assim tão infrequente, é num sentido figurado, quando não uma extensão de sentido. Convinha que os senhores lexicógrafos mudassem este estado de coisas.

 

[Texto 11 428]

Acordo Ortográfico de 1990

O maior embuste desde o 25 de Abril

 

      Francisco Sarsfield Cabral vem hoje lembrar na Rádio Renascença que o «Acordo Ortográfico tem quase 40 anos». Pelas minhas contas, são quase 30. «Tempo suficiente para mostrar que não atingiu o seu objetivo de unificar a ortografia nos países de língua oficial portuguesa.» Bem verdade: o AO90 revela-se, a cada dia que passa, o maior embuste político depois do 25 de Abril em que nós, Portugueses, caímos. «Não possuo qualificações para debater seriamente o AO.» É também, penaliza-me dizê-lo, uma evidência, pelo menos a avaliar pela amostra: «Mas há coisas que não são aceitáveis no AO. Por exemplo, tirar as maiúsculas dos dias da semana e dos meses. Ou implicar com a grafia de nomes pessoais. Mas ninguém protesta, e ainda bem, por se escrever Sophia, como se escrevia quando a poeta nasceu, há um século.» Desde quando é que os dias da semana eram escritos com maiúscula inicial? E em que aspecto implica com os nomes pessoais, se até há uma ressalva específica na Base XXI? Ninguém (são de espírito) protesta por se escrever Sophia, mas a maioria, entre os quais muitos jornalistas, deturpa o nome de Eça de Queiroz. 

      Posto isto, devo dizer que Sarsfield Cabral é um dos jornalistas mais cuidadosos que conheço, digo-o com conhecimento de causa, já revi muitos artigos da sua autoria.

 

[Texto 11 427]

«Corta-sebes», de novo

Isso num mundo ideal

 

      Muito bem, agora já temos corta-sebes no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora: «aparelho, manual ou eléctrico, usado para cortar ou aparar sebes». Ora, eu vivo parte da semana na terra dos corta-sebes (e dos carros de luxo), Cascais, pelo que sei que não é assim. Vejamos este anúncio no OLX: «Corta-sebes profissional a gasolina novo (26 cc, lâmina 60 cm, com escape frontal) da marca Garland.» Gasolina, escape frontal, Porto Editora... Ecológico também eu sou, mas não confundo desejos com a realidade.

 

[Texto 11 426]