Léxico: «populismo»
Uma coisa de cada vez
«E agora não consegue parar. Lê letreiros, cartazes, legendas, anúncios, manchetes, títulos. Com a campanha para as Europeias em marcha, pergunta-me o que significa “iniciativa”, o que é “emprego”, para que serve a palavra “imposições” e quem são os “contribuintes”. Talvez em outubro, nas legislativas, eu consiga explicar-lhe que “de-ma-go-gi-a” tem cinco sílabas e “po-pu-lis-mo” tem quatro e que uma anda de mão dada com a outra. Mas uma coisa de cada vez» («Aprender a escrever. E um obrigado à professora Maria Emília e à professora Isabel», Paulo Farinha, «DN Life»/Diário de Notícias, 28.05.2019).
De acordo, uma coisa de cada vez: primeiro, convinha que o pai soubesse exactamente o que significa populismo. O pai e os lexicógrafos, pois que na definição de populismo falam em preconceitos e cederam eles próprios a preconceitos. Procurem saber e depois já me contam. Para já, não devem falar de ideologia, e nem talvez mesmo em doutrina ou prática política, quando não é mais do que uma estratégia discursiva de construção de uma fronteira política entre o povo, nós, e a oligarquia, eles. Pelo menos num populismo de esquerda, como o defendido por Chantal Mouffe. E mais não quero dizer.
[Texto 11 437]