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Linguagista

Tradução: «billion»

O cuidado habitual

 

      «Com apenas 26 anos, Gustav Magnar Witzøe é um dos jovens mais ricos do mundo. A juntar à tenra idade, está uma fortuna avaliada em 2,6 milhões de dólares (2,3 milhões de euros)» («Aos 26 anos este jovem ‘desconhecido’ é mais rico do que Ronaldo», Dinheiro Vivo, 7.06.2019, 18h03).

      O que pensamos logo é que numa publicação assim têm cuidado com os números. Com 2,3 milhões de euros, mais rico do que Ronaldo... Podia estar certo quanto aos dólares ou quanto aos euros, mas nada disso, está tudo mal. Faz impressão tanta falta de cuidado. «He’s now worth a staggering $1.9 billion (£1.4 billion), according to Forbes», lê-se no Business Insider.

 

[Texto 11 503]

Léxico: «bolota»

Portugal de antigamente

 

      «Um outro cidadão que, naquele momento, estava igualmente [a] ser instalado no EECIT, ao aperceber-se da situação, confessou que estava a transportar 90 bolotas de droga no interior do organismo» («Cidadão estrangeiro morre no aeroporto de Lisboa por transportar droga no organismo», Rádio Renascença, 7.06.2019, 14h37).

      O Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora é que ainda é todo ruralista e bucólico, pois só conhece as bolotas do carvalho, sobreiro e azinheira. O Portugal de antigamente. Desempoeira-te, actualiza-te.

 

[Texto 11 502]

Léxico: «pré-exaescala | exaescala | petaescala»

Precisamos destas três

 

      «A Comissão Europeia anunciou esta sexta-feira que a Universidade do Minho é um dos oito centros que vão acolher os primeiros supercomputadores europeus, que se destinam a apoiar investigadores, indústria e empresas na União Europeia (UE). [...] A EuroHPC, juntamente com os sítios de supercomputação selecionados, tenciona adquirir oito supercomputadores: três precursores de máquinas à exaescala (capazes de executar mais de 150 ‘petaflops’, ou 150 mil biliões de cálculos por segundo) que se contarão entre os cinco supercomputadores mais potentes a nível mundial, e cinco máquinas à petaescala (capazes de executar, pelo menos, quatro ‘petaflops’, ou quatro mil biliões de operações por segundo)» («União Europeia vai ter oito supercomputadores. Um vai ser instalado no Minho», Rádio Renascença, 7.06.2019, 12h52).

      No portal da União Europeia, lê-se, a propósito deste anúncio: «Petaescala: sistemas com capacidade de um quatrilhão ou 1015 cálculos por segundo. Pré-exaescala: sistemas com capacidade de cem mil biliões ou 1017 cálculos por segundo. Exaescala: sistemas com capacidade de um trilião ou 1018 cálculos por segundo.»

 

[Texto 11 501]

Léxico: «localizador | rastreador»

Assim não se vai longe

 

      O rastreador ou localizador GPS da Invoxia (aqui) tem características muito interessantes, desde logo não precisar de cartão SIM, possuir grande autonomia e não ter limites de distância. Infelizmente, os nossos queridos lexicógrafos acham que não precisamos dos termos rastreador e localizador — porque já temos o inglês tracker. Lá defenderem o que é nosso é que não.

 

[Texto 11 500]

Os Obamas no Spotify

Ainda há esperança

 

      «A produtora do ex-Presidente dos Estados Unidos Barack Obama e da sua mulher Michelle assinou um acordo com a plataforma Spotify para produzir ‘podcasts’ exclusivos» («Obamas vão produzir ‘podcasts’ exclusivos para o Spotify», Rádio Renascença, 7.06.2019, 2h10).

      Querem ver que isto ainda se endireita? Está bem que o mérito neste caso é relativo — pois se o jornalista tinha escarrapachado à frente do nariz «Obamas», foi apenas deixar-se ir, e nisto eles são bons.

 

[Texto 11 499]

Léxico: «nanotermómetro»

Não é apenas pequeno

 

   «Agora, uma equipa de investigadores do Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia (INL), em Braga, desenvolveu uma nova ferramenta que consegue medir a temperatura interna de células individuais. Fácil de usar a nível laboratorial, este nanotermómetro será aplicado na investigação científica de medicamentos e tratamentos» («Novo nanotermómetro mede temperatura de uma só célula», Teresa Sofia Serafim, Público, 7.06.2019, p. 38).

 

[Texto 11 498]

Léxico: «co-infecção»

É prudente

 

      «A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, só em 2016, surgiram 376 milhões de novas infecções sexualmente transmissíveis (IST) — cerca de um milhão por dia. Ainda assim, “o número de indivíduos infectados será menor, uma vez que as infecções repetidas ou co-infecções são cada vez mais comuns”, lê-se num relatório de investigadores de vários países e publicado pela OMS ontem» («Mais de um milhão de novas infecções sexualmente transmissíveis por dia, estima OMS», Rita Marques Costa, Público, 7.06.2019, p. 17).

      Percebe-se, decerto, embora a jornalista nunca explique o que é uma co-infecção. Também os dicionários não acolhem o termo, embora não deixem de registar superinfecção, por exemplo. O problema é que se vê escrito com e sem hífen, e o falante vai vacilar, e com razão. Ora, o prefixo co- (redução de com, este do latim cum) escreve-se seguido de hífen quando significa «a par» e o elemento seguinte possui vida autónoma, como é claramente o caso.

 

[Texto 11 497]