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Linguagista

Léxico: «valvulopatia»

Comparemos

 

      «Ante un síncope brusco, además de hacer una historia clínica completa que analizará las circunstancias concretas en las que ha tenido lugar y la posible historia familiar, se deberá realizar una exploración cardiológica básica y un ECG. En el examen cardiológico podría auscultarse un soplo que alertara de la posibilidad de una valvulopatía o una miocardiopatía hipertrófica» («Perder el conocimiento: un problema frecuente que causa alarma», Pilar Tornos, chefe do Serviço de Cardiologia do Hospital Quirónsalud Barcelona, Público, 6.06.2019).

      O jornal Público espanhol, sim. Vejamos os dicionários. O Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora regista miocardiopatia e cardiopatia, mas não valvulopatia (doença das válvulas, especialmente as do coração). O Dicionário da Real Academia Espanhola acolhe cardiopatía e valvulopatía, mas não miocardiopatía.

 

[Texto 11 515]

Léxico: «medialecto | jornalês»

Para nos compreendermos

 

      «“Medialecto” é um neologismo para designar a linguagem dos media, o idioma que eles constroem ou amplificam, quer por motivações ideológicas (conscientes ou inconscientes), quer por puro idiotismo (“idiotismo” é uma palavra que tem a mesma etimologia de “idioma”. O que pode leva [sic] alguém a escrever ou dizer “A taxa de mortalidade infantil disparou em Portugal” sem perceber que se trata de uma frase absurda, isto é, sem sentido? Como é que a mortalidade infantil dispara o que quer que seja? E, no entanto, todos nós percebemos o que ela significa porque já estamos familiarizados com o seu uso. Mas a dimensão pragmática da linguagem não justifica tudo, e a prova é que fora do idioma a que Karl Kraus chamou “jornalês” ninguém ousa dizer ou escrever esta barbaridade» («Livro de recitações», António Guerreiro, «Ípsilon»/Público, 3.05.2019, p. 2).

      Não posso concordar com António Guerreiro — porquê disparate? Só porque não está em todos os dicionários? Podia não estar em nenhum! É um sentido figurado que até pode ter tido origem nos jornais — logo, jornalês puro —, mas já faz parte da paisagem lexical portuguesa; é como escreve, «já estamos familiarizados com o seu uso». Medialecto e jornalês é que ainda não estão nos nossos dicionários.

 

[Texto 11 514]

Léxico: «territorialização»

Como outros

 

      «Por seu lado, Rosensweig via no sionismo uma forma laicizada do messianismo que tendia a privar o judaísmo da sua identidade religiosa e a normalizá-lo, através da reterritorialização e politização num Estado» («Anti-sionismo e anti-semitismo», António Guerreiro, «Ípsilon»/Público, 3.05.2019, p. 2).

      Porto Editora, o prefixo é inteiramente por nossa conta, acolhe lá tu territorialização, como outros fazem.

 

[Texto 11 513]

Léxico: «puncionadora»

Serão milhares

 

      Já no curso de Construção Civil, o formando tem um módulo para aprender a usar guilhotinas, puncionadoras, quinadeiras, máquinas de calandrar perfis e chapa, berbequins, etc. O Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora acha que pode prescindir de puncionadora. A minha percepção — que se vem transformando em certeza nos últimos anos — é que termos do dia-a-dia, sobretudo relacionados com as várias profissões e áreas específicas do conhecimento, faltam às centenas, senão milhares, nos nossos dicionários. E não são, repare-se, neologismos.

 

[Texto 11 512]

Léxico: «depilação | epilação»

Não é só um d

 

      No curso de pedicura-manicura, um módulo ensina a fazer epilações com cera, depilações, colorações e descolorações, etc. No Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, em epilação, remete-se directamente para depilação e está o caso arrumado. Estão enganados. Esqueçamos o método (pinças, lâminas, ceras, electrólise, luz pulsada, etc): na epilação, há remoção total do pêlo, incluindo a raiz. Na depilação, há remoção do pêlo rente à superfície da pele, deixando intacta a raiz.

 

[Texto 11 511]