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Linguagista

Léxico: «bacalhau-do-pacífico»

Trabalho incompleto

 

      No Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, há muitos bacalhaus, mas do bacalhau-do-pacífico (Gadus macrocephalus) nem rasto. Mais fibroso, com paladar diferente e sem lascar quando cozinhado, ao contrário do bacalhau-do-atlântico, mais comum nas nossas mesas. A propósito, no verbete de bacalhau-do-atlântico, aquele dicionário regista como nome científico Gadus morrhua, mas é mais comum e mais correcto morhua, porque, afinal, é a forma latinizada do francês morue.

 

[Texto 11 547]

Léxico: «Vital | Terrantês»

Outras castas

 

      «Portugal tem grandes castas brancas (Arinto, Encruzado, Cercial, Viosinho, Vital, Verdelho, Terrantez do Pico e outras) mas o alvarinho será aquela que maior notoriedade dá aos País, quer no mercado interno, quer no mercado externo, onde, por vezes, os especialistas se entretêm a comparar o nosso Alvarinho com os Alvarinhos da Galiza, também eles de qualidade» («Vinho alvarinho refresca Lisboa», Edgardo Pacheco, «Sexta»/Correio da Manhã, 7-13.06.2019, p. 49).

      Vamos ver. Comecemos com Edgardo Pacheco: de quando em quando, podia consultar um ou outro dicionário. (Uma mnemónica: As uvas de Terrantês não as comas nem as dês, para vinho Deus as fez.) Quanto ao Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, não regista a casta Vital, que é uma casta branca também chamada Boal-Bonifácio na generalidade do Oeste e Malvasia-Corada no Douro e Dão. Quanto à casta Terrantês, que aquele dicionário acolhe, só pode ser a casta também com o nome Cascal. Ora, há castas brancas e castas tintas de Terrantês. Diz aquele dicionário: «casta de videira (ou seus frutos) cultivada em Portugal, produtora de apreciada uva branca».

 

[Texto 11 546]

Ortografia: «sub-repticiamente»

Vejam bem o que fazem

 

      «O mais perigoso, porém, é ser impossível descortinar onde começa a acção de um e acaba a do outro — como se elas estivessem, afinal, subrepticiamente ligadas, escapando ao controlo de cada um dos contendores» («Um novo ano de todos os perigos», Vicente Jorge Silva, Público, 16.06.2019, p. 32).

      Só se nunca tivesse trabalhado num jornal é que não sabia que os textos de certos colaboradores não são submetidos a revisão. Porquê? Eles não gostam. Essa é boa! Não há ninguém — sem excepção — cujos textos não precisem de ser revistos. Eles não gostam — e o leitor, que habitualmente paga para ler, gosta de ver erros?

 

[Texto 11 545]