Um pouco de luz
Vamos então agora ao título daquela publicação da Direcção-Geral da Saúde: Frutos, Legumes e Hortaliças. Se estou a interpretar bem, para o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, hortaliças e legumes é a mesma coisa: hortaliça «BOTÂNICA designação de plantas leguminosas ou herbáceas, comestíveis e ricas em vitaminas, cultivadas geralmente em hortas»; legume «planta ou parte de planta leguminosa ou herbácea, usada na alimentação humana na forma de folhas, bolbos, talos, grão, etc., especialmente em saladas, na sopa ou como acompanhamento das refeições; verdura». A primeira dúvida é logo o porquê de um ter domínio e o outro não. Agora as definições: como se vê no portal do Ministério da Saúde brasileiro, correcto é dizer-se que o termo mais genérico é hortaliças, que engloba verduras, legumes e raízes. Quando a parte comestível são as folhas, flores ou hastes, estamos perante verduras; no caso dos legumes, a parte comestível são frutos ou sementes (e, por isso, numa subdivisão, estão as leguminosas, os cereais, as oleaginosas e os frutos); por fim, as raízes, quando a parte comestível se desenvolve debaixo do solo. Assim, se os brócolos são um tipo de verdura, a couve-flor, da mesma família, já é um legume, e os rabanetes, por exemplo, são raízes. Os frutos, apesar de serem em tudo, excepto na doçura, como os legumes, órgãos vegetais comestíveis, estão habitualmente à parte, foram autonomizados, e daí que, como no título, se fale em frutos, legumes e hortaliças. Num sentido mais restrito, é verdade que «hortaliça» é sinónimo de «verdura». Isto, que interessa para vários fins, tem grande importância na tradução.
[Texto 11 652]