O AO90 no dia-a-dia
A língua vai nua
«Na introdução da sua conferência, Mauss evoca o contexto no qual ele é levado a forjar este conceito de técnicas do corpo. Este conceito impõe-se pouco a pouco nele, de forma “concreta”, em resposta a diferentes observações realizadas ao longo da sua vida. Estas reteriam a sua atenção pelo conjunto de fatos sociais, aparentemente, “heterógenos” e inclassificáveis, que a etnologia da época não sabia como descrever e categorizar, levando, assim, a colocar um item de “diversos”. O conceito de “técnicas do corpo” permitiram-lhe [sic] reunir justamente numa mesma categoria um conjunto de fatos saídos de observações diversas e de ser um objeto digno de análise científica. [...] O estudo do corpo era, antes de mais, um fato das ciências naturais (biologia, medicina), que o tratavam como um objeto natural (exemplo: usos da dissecação para estudar o seu funcionamento)» («As técnicas do corpo e o desporto», Vítor Rosa, A Bola, 5.07.2019, 00h02).
Não é qualquer pessoa que consegue escrever assim. Eu não consigo. O autor é sociólogo, doutor em Educação Física e Desporto, ramo Didáctica, e investigador integrado do Centro de Estudos Interdisciplinares de Educação e Desenvolvimento, da Universidade Lusófona de Lisboa. Se é assim com um doutorado, bem se pode imaginar como será com o falante comum.
[Texto 11 692]