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Linguagista

Léxico: «folha»

Há sempre pior

 

      Vou mandar substituir a janela da sala por uma com vidro triplo, para um isolamento térmico e acústico perfeito. Dadas as dimensões, vai ter pelo menos três folhas, isto é, cada uma das partes que compõem a esquadria de uma janela (e de uma porta) e que podem ser fixas ou móveis. No caso, serão duas fixas e uma com batente. Ora, no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora não vejo esta acepção em folha — só em relação a porta: «superfície plana, de madeira ou metal, que constitui a parte principal de uma porta». Mas há pior, há dicionários que não têm nenhuma.

 

[Texto 11 764]

Léxico: «sub-representação»

Usa-se

 

      «Para uns, a sub-representação social de certos grupos resulta da sua discriminação. Para outros, as quotas discriminam contra uma pessoa para beneficiar outra com base na sua pertença a um grupo. Perpetuariam a discriminação em vez de a combater. Este debate é necessário, mas temos de começar por distinguir entre duas justificações filosóficas distintas em defesa das quotas. Há quem defenda as quotas para corrigir um histórico de discriminação desses grupos, justificando a discriminação de hoje pela discriminação passada» («Quotas — Equívocos à Esquerda e à Direita», Miguel Poiares Maduro, Jornal de Notícias, 13.07.2019, p. 2).

 

[Texto 11 763]

Léxico: «cereais praganosos»

Já passaram por aqui

 

      «José Palha está otimista com os passos dados até ao momento, e acredita que os resultados da Estratégia Nacional para a Promoção da Produção de Cereais vão surgir a curto prazo. Em outubro de 2018, o programa visava atingir, em cinco anos, um grau de autoaprovisionamento em cereais de 38%, correspondendo 80% ao arroz, 50% ao milho e 20% aos cereais praganosos (como a aveia e o trigo, por exemplo)» («Estratégia nacional de produção de cereais quase não cumpriu objetivos no 1.º ano», Catarina Maldonado Vasconcelos e Cláudia Arsénio, TSF, 12.07.2019, 11h58).

 

[Texto 11 762]

Léxico: «balístico | à prova de bala»

Coisas mal explicadas

 

      «Por norma, [os membros dos Hells Angels] usavam coletes balísticos e/ou à prova de bala, casacos com padrões militares, capuz e emblemas dos Hells Angels com a inscrição “Horror Team” e gorros de lã, estando também munidos com aparelhos para bloquear o sinal de telecomunicações e enganar as autoridades» («Professores do ensino básico e secundário entre os Hells Angels acusados de tentativa de homicídio», Liliana Coelho e Hugo Franco, Expresso Diário, 12.07.2019).

      Aquele e/ou é que nos deixa com dúvidas. Se não for trapalhada dos jornalistas (sempre a primeira hipótese), como se define cada um deles, colete balístico e colete à prova de bala? Em relação ao primeiro, vi que há de vários tipos e com diversos graus de protecção. Ao segundo sempre o entendi como mero sinónimo. Outro mistério, quanto a mim, é os nossos dicionários definirem antibalístico como «que detecta ou intercepta míssil balístico».

 

[Texto 11 761]