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Linguagista

Léxico: «aracnídeos | escorpionídeos»

Anote-se então

 

      Aracnídeos, para o dicionário da Porto Editora, são os «artrópodes quelicerados, com quatro pares de patas locomotoras». Está certo, mas, para ser verdadeiramente útil, devia ter este acrescento: «artrópodes quelicerados, com quatro pares de patas locomotoras. Os aracnídeos dividem-se em araneídeos, escorpionídeos e acarídeos». Se o fizesse, também se dava conta de que não regista escorpionídeo(s). É sempre assim: cabe nuns, não cabe noutros. No Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora: ✘. No VOLP da Academia Brasileira de Letras: ✔.

 

[Texto 11 911]

Léxico: «balichão»

Como se não existisse

 

      «Preparada com balichão (pasta feita com as cabeças e as cascas de camarão), inclui massa de arroz, camarão corado, chili e coentros» («Muito sabor a mar e... sem espinhas», S. P., Visão, 4.04.2019, p. 108).

      É o shrimp sauce dos Ingleses. Não há, acho eu, macaense que não saiba do que se trata, mas o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora ignora-o. Como ignora, por exemplo, mas com menos escândalo, minchi.

 

[Texto 11 910]

Léxico: «caprinicultura | caprinocultura»

Ambas existem

 

      «“Esta escola vai ser itinerante, temos uma componente teórica de 110 horas e uma componente prática de 410 horas, com formação em maneio sanitário, maneio reprodutivo, alimentar, pastagens e forragens e silvopastorícia, ovinicultura e caprinicultura e gestão da exploração. Vai-se realizar nas escolas superiores, na ESAV, Escola Superior Agrária de Viseu, e na ESACB, Escola Superior Agrária de Castelo Branco. A parte prática será em Viseu, Oliveira do Hospital e Gouveia”, explica [Regina Lopes, técnica superior do gabinete de saúde pública e veterinária da Câmara de Gouveia, envolvida na Escola de Pastores]» («Escola de Pastores começa em setembro. As inscrições estão abertas», Liliana Carona, Rádio Renascença, 2.08.2019, 00h00).

      O Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora apenas regista uma variante, caprinocultura, mas, se são ambas correctas, tem de as registar.

 

[Texto 11 909]

Léxico: «electroconvulsivo»

Não a vejo dicionarizada

 

      «Em 2004, [Sherwin Nuland] subiu ao palco das conferências TED Talk para contar como foi a terapia electroconvulsiva (ECT) que o ajudou a superar esta fase negra e a recuperar: voltou a casar, teve mais filhos, ressuscitou a carreira como cirurgião e professor universitário, começou a escrever livros» («A terapia com “eletrochoques” está de volta», Sofia Teixeira, Notícias Magazine, 4.08.2019, p. 38).

 

[Texto 11 908]

Léxico: «coroada»

É melhor explicar

 

      O mapa do centro histórico de Elvas mostra, junto das Portas de São Vicente e da Igreja de São Pedro, a Coroada. Como o mapa é bilingue: Coroada e Crownwork. Acontece que coroa, coroada ou obra coroada aparece em vários dicionários, mas não nos actuais. É como se quisessem passar uma esponja por sobre a História. Coroada, opus coronatum, crownwork: «an outwork containing a central bastion with a curtain and demibastions, usually designed to cover some advantageous position» (in Collins). «A obra coroada faz parte das obras exteriores de uma fortificação, isto é, obras de primeira abordagem construídas com o objectivo de «cobrir as partes da praça principal, e consequentemente para lhe aumentar a defença» (Architetura Militar ou Fortificação Moderna, Diogo da Silveira Velloso, 1743).

 

[Texto 11 905]

Léxico: «douragem»

Já disse: às centenas

 

      «Ainda assim, chegar a este resultado não foi pera doce. Quando chegou à mão dos conservadores, a cama [de aparato, do século XVII, agora pertença do Palácio Nacional de Sintra] era um verdadeiro puzzle com 1685 peças: 412 em madeira, 760 em liga de prata, 495 em liga de cobre e 18 em liga de ferro e 2500 pregos em prata. Durante o restauro e estudo da obra, os especialistas identificaram seis espécies de madeira (com predominância para o pau-preto de Moçambique), várias técnicas de douragem e montagem de elementos complexos, como os ciprestes e os ramos de flores e frutos em liga de prata» («Cama de 360 mil euros? Que rico sono em Sintra», Maria Miguel Cabo, TSF, 31.07.2019, 16h56).

 

[Texto 11 904]

Léxico: «rectossigmoidoscópio | rectossigmoidoscopia»

Ainda no museu

 

      Mais à frente, um rectossigmoidoscópio. Um aparelho avantajado — porque era usado no Exército para diagnóstico de situações patológicas do sistema digestivo de muares e cavalos. A palavra aparecia mal escrita, e a culpa também pode ser da Porto Editora, que não acolhe o termo no seu dicionário geral da língua, nem tão-pouco rectossigmoidoscopia (que, contudo, lemos num texto de apoio), embora eu tivesse aqui chamado a atenção para a ausência de ambos os termos em Setembro de 2013.

 

[Texto 11 903]