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Linguagista

Léxico: «aurinhacense | macroscópio»

Usam-no e não o registam...

 

      «É ao esqueleto aurinhacense descoberto em Predmost, na Morávia, que devemos o mais convincente testemunho de antropofagia no Paleolítico» (A Alimentação na Antiguidade, Don e Patricia Brothwell. Tradução de Maria Idalina Furtado. Lisboa: Editorial Verbo, 1971, p. 28).

      Já vimos muitas vezes isto: o dicionário geral não acolhe o verbete, mas a Infopédia usa o termo. O mais recente, antes deste, foi macroscópio, que não regista, e, contudo, é usado no texto de apoio «textura afanítica».

 

[Texto 11 939]

Léxico: «lagartixa-da-montanha | lagartixa-de-carbonell | lagartixa-de-valverde»

Três tristes lagartixas

 

      «“Na Península Ibérica, a diversidade de lagartos abrange espécies adaptadas tanto a climas quentes e secos quanto a frios e húmidos. De acordo com nosso estudo, as espécies de climas frios e húmidos serão as mais expostas às mudanças previstas no clima, entre elas espécies endémicas como a Lagartixa-da-montanha, a Lagartixa-de-Carbonell e a Lagartixa-de-Valverde”, refere o investigador [Miguel Carretero]» («Aumento das temperaturas pode pôr em risco a sobrevivência dos lagartos», TSF, 9.09.2019, 12h06).

      Não moram no dicionário da Porto Editora. Identifiquemo-las melhor: lagartixa-da-montanha (Lacerta monticola), lagartixa-de-carbonell (Podarcis carbonelli) e lagartixa-de-valverde (Algyroides marchi). Ausência que também explica, em parte, estes erros ortográficos.

 

[Texto 11 938]

Léxico: «talhe-doce»

A PJ sabe

 

      «“A elevada qualidade das notas produzidas por esta rede criminosa era reconhecida por todos os compradores, assente na utilização de papel de segurança com incorporação de filamento de segurança, hologramas e bandas holográficas autoadesivas, tintas ultravioleta, marca de água e talhe doce”, descreve a PJ» («Desmantelada uma das maiores redes de notas falsas da Europa», Rádio Renascença, 9.09.2019, 8h47).

      Sim, também se diz talhe-doce, mas a Porto Editora finge que não sabe e só regista talho-doce. Não lho agradecemos.

 

[Texto 11 936]

Léxico: «complanar | multipleto»

Falta matéria-prima

 

      Lembram-se disto? «A janela de novo. Outra empresa vem agora dizer-me que no interior pode usar uma folha complanar. Ora nem no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora encontramos este adjectivo, complanar — que coexiste com outras linhas no mesmo plano.» Ninguém ligou. Hoje, li numa obra que Max Born estava a «fazer cálculos para o orto-hélio (dois electrões complanares)». Pois, palavras faltarão sempre nos nossos dicionários, mas não exageremos. Olha, para não ir mais longe, na mesma página Born fala nos multipletos, outro verbete perdido.

 

[Texto 11 935]

Léxico: «cedro»

Os cedros que nos faltam

 

      Não sei se no Líbano ainda há cedros-do-líbano (Cedrus libani). Provavelmente, pela sobreexploração, o último é o que figura na bandeira do país. O nome comum sei eu que não está no dicionário da Porto Editora, o que é incoerente, pois regista cedro-bastardo, cedro-da-madeira, cedro-das-canárias, cedro-de-espanha e cedro-do-buçaco. Foi com cedros-do-líbano, árvores majestosas aparentadas com as sequóias, que se construiu o Templo de Salomão. E a lista não termina aqui: aquele dicionário também não acolhe cedro-do-atlas (Cedrus atlantica) nem cedro-do-himalaia (Cedrus deodara).

 

[Texto 11 934]

Léxico: «abelha-europeia»

As mais conhecidas

 

      «A vespa velutina nigrithorax entrou em Portugal em 2011. É uma espécie não-indígena, predadora da abelha europeia (Apis mellifera), proveniente de regiões tropicais e subtropicais do norte da India, do leste da China, da Indochina e do arquipélago da Indonésia» («Investigadores estudam novas tecnologias para travar vespa asiática», Olímpia Mairos, Rádio Renascença, 7.09.2019, 9h10).

      Isso mesmo, mas despiorando só um pouco: «A Vespa velutina nigrithorax entrou em Portugal em 2011. É uma espécie não-indígena, predadora da abelha-europeia (Apis mellifera), proveniente de regiões tropicais e subtropicais do norte da Índia, do leste da China, da Indochina e do arquipélago da Indonésia.» Diga-se que abelha-europeia nem o dicionário da Porto Editora regista: é apenas uma das cinco abelhas do respectivo verbete.

 

[Texto 11 933]

Léxico: «fácula | plage»

Sim, mas

 

      A palavra do dia, na Infopédia, é fácula: «ASTRONOMIA região muito brilhante da fotosfera, geralmente relacionada com o posterior surgimento de uma mancha solar». Explicando melhor: sim, são regiões brilhantes e quentes da fotosfera (aumentam a irradiância) que podem ser observadas perto do limbo solar (acepção que falta naquele dicionário) à frente do fundo escuro. Mais importante, porque corrige aquela definição: as fáculas surgem frequentemente depois da formação de manchas solares e permanecem visíveis durante vários dias ou até semanas depois de as manchas terem desaparecido.

      Já agora refira-se que às manchas semelhantes na cromosfera se dá o nome de plages, vocábulo que os nossos dicionários também não acolhem.

 

[Texto 11 932]