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Linguagista

Léxico: «aldoarense»

Aí tão perto

 

  «A equipa desenvolve desde o ano passado trabalhos de sensibilização na comunidade de Aldoar – é o caso das óperas Wozzeck e Demolição, nas quais também participaram utentes da Área de Dia de Aldoar. Os dois pequenos espectáculos de ontem ajudarão a população aldoarense a aproximar-se daquela técnica teatral, uma vez que muitos habitantes assistirão, amanhã, às 21h30, ao ensaio geral da ópera Punch and Judy, no Teatro Nacional S. João» («Ex-toxicodependentes alegram Aldoar com teatro de bonecos», Andréia Azevedo Soares, Público, 16.09.2002, 00h00, itálicos meus).

 

[Texto 12 077]

Léxico: «exculpatório»

Sem desculpa

 

      «Quanto à política [Camille Paglia] é democrata, mas nas últimas eleições fez aquilo que os democratas podiam fazer para ajudar à eleição de Trump: votou num terceiro candidato, acompanhando isso com raciocínios exculpatórios que a passagem do tempo não tem favorecido» («Um caso especial», Luís M. Faria, «Revista E»/Expresso, 11.08.2019, p. 62).

      Evidentemente, não há desculpa é para não estar registado em todos os nossos dicionários.

 

[Texto 12 076]

Léxico: «amarguinha», de novo

A ver...

 

      «Naquela noite, nem tinha assim muita pressa para regressar a casa. Faltava ainda uma hora para se encontrar com a mulher no Diabo Vermelho, tinha tempo que sobrava. E hoje, se calhasse, beberia uma amarguinha, repimpado. A ver...» (O Vestido de Lantejoulas, Rita Ferro. Contexto, 1991, p. 125).

      Para a Porto Editora, isto não existe, isto não quer dizer nada, é delírio, não é assim? Muito estranho... Vamos ter de pedir a Rita Ferro que vá ao Porto dar uma palestra sobre esta matéria.

 

[Texto 12 075]

Léxico: «mexilhão-zebra»

Quem se lixa é o falante

 

      «“Não dê boleia ao mexilhão-zebra.” Este é o nome da campanha que foi lançada pela empresa do Alqueva para tentar evitar que esta espécie chegue à albufeira. [...] Mexilhão-zebra é o seu nome, porque as suas cores sugerem o padrão zebrado. “Depois de se fixar, os indivíduos não são muito grandes, têm um tom creme e umas riscas mais escuras”, descreve Rita Azedo» («“Não dê boleia ao mexilhão-zebra.” Espécie é ameaça no Alqueva», Catarina Maldonado Vasconcelos, TSF, 27.09.2019, 13h35).

      Vamos mudar a palavra de ordem do apelo: Porto Editora, dá boleia ao mexilhão-zebra (Dreissena polymorpha).

 

[Texto 12 074]

Léxico: «beta-lactoglobulina»

Essa é boa

 

      «Através da técnica de espectrometria de massa, a equipa de Sophy Charlton descobriu no cálculo dentário de sete indivíduos uma proteína láctea, a beta-lactoglobulina (BLG)» («Na Pré-História os bebés já bebiam leite de origem animal em biberões», Teresa Sofia Serafim, Público, 27.09.2019, p. 41).

      Por qualquer misteriosa razão, os nossos dicionários não acolhem este vocábulo nem outros semelhantes. Usam-se no dia-a-dia, mas é como se fossem clandestinos.

 

[Texto 12 073]

Léxico: «biopoliéster»

Outro bio

 

      Não sei se sabem que cientistas do Instituto de Ciências Materiais de Sevilha, da Universidade de Málaga, criaram um plástico biodegradável da pele do tomate. Tomaram como referência a componente principal da pele do tomate, um biopoliéster chamado cutina, e obtiveram um material viscoelástico, de espessura variável e cor alaranjada.

 

[Texto 12 072]

Léxico: «gabonês»

Algures no Centro-Oeste

 

      «O Cova da Piedade anunciou a contratação do lateral-direito Junior Oto’o. O internacional gabonense assinou contrato válido até ao final da época» («Cova da Piedade reforça defesa com internacional gabonês», Rádio Renascença, 26.09.2019, 20h21).

      Era escusado usar logo as duas variantes num artigo com meia dúzia de linhas, mas está feito. A utilidade deste meu texto é outra: chamar a atenção da Porto Editora para o tal erro que se deve repetir em muitas e muitas centenas de verbetes: «relativo ao Gabão, no centro-oeste da África». Para mim (e para qualquer roteirista...), é no Centro-Oeste da África.

 

[Texto 12 071]

Léxico: «maracha»

Nas salinas? E nos arrozais

 

      No tal Jornal de Campanha da Antena 1, também ouvi uma senhora a explicar como era feito antigamente o trabalho nos arrozais e falou nos muros. Não chegou a dizer nada sobre as marachas, que são valados para suster a água nos arrozais. Sim, maracha não é somente, como se lê no dicionário da Porto Editora, o «muro divisório, nas salinas».

 

[Texto 12 070]