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Linguagista

Léxico: «vitoriano»

Aqui não há rainhas

 

      «Como se pode ver, o rol de tiradas polémicas de Gigi Becali é infindável, e desta vez tocou ao Vitória de Guimarães. [...] “É a opinião dele, pode falar o que quiser. O nosso papel é trabalhar bem, preparar o jogo e se temos de dar alguma resposta, tem de ser dentro do campo. Sabemos o que temos a fazer”, corroborou o guarda-redes, que no domingo completou 200 jogos com a camisola vitoriana» («Gigi Becali. Guimarães à espera de ver cumprida a promessa do diabo romeno», Bruno Venâncio, i, 29.08.2019, p. 45).

 

[Texto 12 169]

Léxico: «peri-implantite»

A negacionista

 

      «A peri-implantite é a mais frequente e tem uma prevalência de mais de 20% nos implantados» («Há doenças dos implantes?», Sónia Salgueiro Silva, Visão Saúde, Out./Nov. de 2019, p. 28).

      Querem ver que ainda vamos ter o Departamento de Dicionários da Porto Editora a encabeçar um movimento negacionista e a chegar ao Parlamento? Tenham muito medo. Por vezes, são só coisas inacabadas, como esta no verbete homo sobre o Homo sapiens: «PALEONTOLOGIA espécie de hominídeo à que pertence o homem». Mais: embora não se veja sempre assim, não é melhor com maiúscula? Homo erectus, Homo habilis, Homo ergaster, Homo sapiens, Homo sapiens sapiens...

 

[Texto 12 168]

Léxico: «dentisteria»

Assim tão amplo?

 

      «Dentisteria: É a área que trata as lesões dos dentes, como as que são resultado de cárie dentária e traumatismo» («Dicionário de medicina dentária», Visão Saúde, Out./Nov. de 2019, p. 21). O Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, e não é o único, não acolhe dentisteria, mas no Dicionário de Termos Médicos encontramo-lo, embora a definição me pareça tão difusa, tão abrangente, que é tudo e não é nada: «Estudo e prática médica e cirúrgica de tudo o que se refere aos dentes, e também aos maxilares e à boca.»

 

[Texto 12 167]

Léxico: «biocontrolo»

Mais um bio dos nossos dias

 

      «Pode ser usado na produção animal, no biocontrolo de patogénicos [sic] alimentares, na depuração de bivalves, na aquacultura ou no tratamento do cancro do kiwi. A empresa Innophage está também a desenvolver uma estratégia para incluir fagos em produtos de cosmética e eliminar assim bactérias que causam acne» («O que é a terapia fágica?», Teresa Sofia Serafim, Público, 12.10.2019, p. 36).

 

[Texto 12 165]

Léxico: «fágico»

Não peço tanto

 

      «Os bacteriófagos (vírus que conseguem infectar e matar bactérias) geneticamente modicados acabaram por ser a solução para tratar a infecção de Isabelle Carnell. Após seis meses de tratamento com um cocktail de bacteriófagos, quase todos os nódulos desapareceram, a ferida cirúrgica começou a sarar e as funções do seu fígado melhoraram. Isabelle Carnell tem hoje 17 anos e está bem. Esta história é contada numa das edições deste ano da revista científica Nature Medicine e é um dos casos de sucesso da terapia fágica, abordagem terapêutica que usa vírus — os tais bacteriófagos (ou fagos) — para matar bactérias no tratamento de doenças infecciosas» («Usar vírus contra bactérias resistentes a antibióticos», Teresa Sofia Serafim, Público, 12.10.2019, p. 34).

      Já nem peço que terapia fágica vá para os dicionários (mas estão lá outras...), mas pelo menos fágico tem de ser acolhido. Diacho. Homessa, Caramba.

 

[Texto 12 164]

Léxico: «apparatchik»

Muito estranho e repetido

 

      «Reuniões, conversas, tretas: António Costa vai fazer o que quiser. A única maneira de o incomodar, para não dizer travar, é uma aliança entre o PSD e o Bloco, coisa que excede a imaginação. Costa sempre foi um apparatchik, hoje promovido a director-geral: toma medidas, inventa programas, discute prioridades. Com um pequeno empurrão aqui e um jeitinho ali, lá se irá aguentando até o bom povo se fartar dele» («Diário», Vasco Pulido Valente, Público, 12.10.2019, p. 9).

      Por qualquer estranho motivo, apenas encontramos apparatchik no Dicionário de Francês-Português da Porto Editora.

 

[Texto 12 163]

Léxico: «microfibra»

E não só

 

      Comprei um pano de microfibra verde-petróleo para limpar o ecrã do computador. Microfibra no dicionário da Porto Editora: «fibra têxtil sintética muitíssimo fina e macia, utilizada na confecção de vestuário». Aliás, agora a microfibra é aconselhada para tudo o que é limpeza de superfícies mais sensíveis. No que tenho à minha frente, é composto por 90 % de poliéster e 10 % de poliamida. Made in China.

 

[Texto 12 162]