Para deslindar definitivamente
«Do contacto com os trabalhadores rurais — rabezanos, gaibéus, carmelos — vindos da Lezíria e dos montes de Vila Franca “aviar-se” à loja do pai, guardava imagens antigas, que lhe acordavam sentimentos novos» (A Experiência Africana de Alves Redol, Garcez da Silva. Lisboa: Editorial Caminho, 1993, p. 120).
Querem convencer-nos de que a ortografia é rabosano, mas rabezano é demasiado encontradiço para o ignorarmos. Seja como for, há mais para registar e melhorar. Rabezanos são os assalariados locais do Ribatejo; gaibéus são sobretudo os que vêm das Beiras; carmelos (ou caramelos) são os assalariados que vêm de Coimbra. O dicionário da Porto Editora acolhe gaibéu, com a definição correcta e conhecida; acolhe rabosano, mas não parece situar-se na polémica da grafia correcta, pois define-o como «labrego, labroste», como também regista caramelo (mas não carmelo), mas afastando-o da lezíria: «jornaleiro da província portuguesa da Beira Litoral que vai trabalhar nas valas e arrozais do vale do Sado, e noutras actividades da região de Setúbal». Diga-se, a propósito, que o dicionário da Porto Editora não regista carmelo no sentido de convento ou mosteiro carmelita, como também não registava até há dias cartuxa no sentido de convento da Cartuxa. Enfim, os dicionários, como as pessoas, têm muito por onde melhorar. É só quererem, terem mente aberta, despreconceituosa, e humildade.
[Texto 12 193]